Passado o recesso do carnaval, a Câmara retoma nesta semana julgamentos, tanto no Conselho de Ética quanto no plenário, de deputados acusados de envolvimento com o escândalo do valerioduto.
A agenda começa na terça-feira, com a apresentação e discussão do relatório do deputado Cezar Schirmer (PMDB-RS) no processo contra o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, cuja mulher sacou R$50 mil da conta de Marcos Valério no Banco Rural de Brasília.
Estão marcados para esta quarta-feira os julgamento em plenário dos pedidos de cassação dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP). Não vingou a proposta de alguns petistas de fazer uma apuração simultânea dos processos, para impedir que o resultado do primeiro, Brant, influenciasse o do segundo. O pefelista recebeu R$ 102 mil para sua campanha de prefeito em 2004, doados pela Usiminas tendo a empresa do empresário Marcos Valério como intermediária. Um assessor de Luizinho recebeu R$20 mil. O assessor afirma ter agido sem conhecimento do deputado e diz que deu o dinheiro a candidatos petistas a vereador, também em 2004.
Os dois se preparam de maneira diferente para evitar a perda de seus cargos. Brant está mais recolhido e não aproveitou os últimos dias, de paralisação do Congresso, para fazer corpo-a-corpo com os colegas. Ele se prepara para fazer em plenário um duríssimo discurso de críticas à condução dos processos de cassação no Conselho de Ética. Luizinho, sem apoio formal do PT, tem ligado para os deputados, apelando em favor de sua absolvição. Em desvantagem, o petista será julgado depois que o resultado de Brant, com chances de absolvição, for anunciado.
PSDB e PFL vêm trabalhando em favor da absolvição de Brant. A principal preocupação do PFL é evitar que a condenação dele carimbe o partido como participante do valerioduto. Brant também tem o apoio de colegas mineiros.
Já os processos de cassação dos deputados Pedro Henry (PP-MT) e do presidente do PP, Pedro Corrêa (PP-PE), vão a plenário no dia 15 de março, uma semana depois dos de Luizinho e Brant. Confiante no voto secreto em plenário, o presidente do PP pode ver frustrada sua expectativa de absolvição com a decisão do presidente da Câmara de marcar seu julgamento para o mesmo dia do de Henry. Como o processo de Henry pela absolvição, que o Conselho de Ética já aprovou, será votado primeiro, dificilmente o plenário absolverá no mesmo dia um segundo parlamentar acusado de participação no escândalo.