Reserva Com a presença de todos os vereadores, a Câmara Municipal de Reserva, na Região Central do estado, rejeitou na noite de quinta-feira a abertura do processo de cassação contra o presidente licenciado da Casa, Flávio Hornung Neto (PMDB). A decisão favorável a Hornung, que matou o presidente municipal do PC do B, Nelson Renato Vosniak, no dia 15 de janeiro, foi por 4 votos a 3.
A sessão foi acompanhada por familiares e amigos de Vosniak e Hornung, que dividiram o espaço na Câmara. O prefeito da cidade, Frederico Bittencourt Hornung (PMDB) primo de Flávio também acompanhou a votação. Do lado de fora, cerca de 600 manifestantes, simpatizantes de Vosniak, gritavam e pediam a cassação do vereador licenciado.
Dos quatro vereadores que faltaram na última sessão, que foi cancelada por falta de quórum, apenas Sharles de Oliveira (PMDB) justificou sua ausência. Morador da área rural da cidade, ele teria batido o carro durante o trajeto de ida e ficou impossibilitado de comparecer à sessão.
Iraer Malaquias, Sharles de Oliveira, Simas de Oliveira, todos filiados ao PMDB, partido do prefeito, votaram contra a cassação de Hornung. Vitório Vosniak (PT), Orlei Santos (PT) e João Ferraz (PPS) foram favoráveis a abertura do processo. O último voto ficou a cargo do primeiro-secretário da Casa, Wilson de Holleben (PMDB), que foi contrário a cassação.
Parentes e amigos de Vosniak saíram da sessão antes mesmo do resultado final. Bastante abalados, eles ficaram do lado de fora do prédio da Câmara esperando a saída dos vereadores. "Eu sonhava que o resultado fosse favorável a cassação. A decepção é grande", disse Luiz Carlos Vosniak, irmão do político morto. A viúva de Vosniak, Maria Fabiane Zampieri, ficou bastante abalada e teve que ser retirada do local. Os simpatizantes de Hornung fizeram uma comemoração tímida dentro do auditório da Câmara.
Os moradores protestaram contra o resultado e impediram a saída de parentes e amigos do vereador que matou o adversário político, além dos vereadores que votaram contra a cassação. Eles foram bastante vaiados e tiveram que sair do prédio escoltados pela polícia. O prefeito foi um dos mais vaiados pelos manifestantes. O primeiro- secretário minimizou o protesto em frente à prefeitura. "Reserva tem 25 mil habitantes. Aqui na frente tem 150. É covardia deles fazerem pressão nos vereadores", disse. Para ele, o resultado refletiu a opinião dos moradores da cidade. "A maioria da população aceita e concorda com a nossa decisão", afirmou.
Ontem, o assunto mais comentado do dia em Reserva foi a decisão dos vereadores. "A maioria das pessoas ficou triste com o resultado. Mas temos que respeitar a democracia, e a maioria vence", disse o vereador Orlei Santos.
Licenciado como presidente da Câmara até junho, o pedido de licença de Hornung do cargo de vereador termina no dia 2 de março, data em que poderá retornar e participar normalmente das sessões. "Se ele tiver clima para voltar, ele volta", disse Holleben.