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A Mesa da Câmara informou que apenas 16 dos 62 parlamentares que constam na lista encaminhada pela Polícia Federal serão investigados pela comissão de sindicância criada para apurar o envolvimento de deputados na máfia das ambulâncias. Três integrantes da Mesa incluídos na lista da PF - Nilton Capixaba (PTB-RP), João Caldas (PL-AL) e Eduardo Gomes (PSDB-TO) - foram tirados da lista da Câmara.

Ficaram na lista apenas os deputados com forte indício de participação no esquema: Almir Moura (PFL-RJ); Fernando Gonçalves (PTB-RJ); Isaías Silvestre (PSB-MG); João Batista (PP-SP); João Correia (PMDB-AC); Marcos Abramo (PP-SP); Maurício Rabelo (PL-TO); Neuton Lima (PTB-SP); Paulo Baltazar (RJ), líder do PSB; Professor Irapuã Teixeira (PP-SP); Reinaldo Gripp (PL-RJ); Ricarte de Freitas (PTB-MT); Vieira Reis (PRB-RJ); Wellington Fagundes (PL-MT); Zelinda Novaes (PFL-BA); e Reginaldo Germano (PP-BA). Isaías Silvestre será afastado da liderança do PSB.

Depois do anúncio da decisão da Mesa, os deputados Raul Jungmann (PPS-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ) começaram a colher assinaturas para criação de uma CPI mista para investigar as denúncias.

- A Mesa Diretora da Câmara demonstrou que não está à altura da gravidade do problema. A Mesa perdeu a credibilidade. Essa decisão também é um ato simbólico - afirmou Jungmann.

Mais cedo, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, havia informado a decisão da Mesa de dividir os parlamentares em três grupos. Um incluindo os deputados com maiores indícios de envolvimento com a operação Sanguessuga, outro com os parlamentares sobre os quais a Mesa ainda precisa de informações da PF para tomar as providências. São os deputados que, embora sem a citação de seus nomes, tiveram assessores presos na operação. Nesse caso, será preciso aguardar a sindicância que está sendo feita sobre os funcionários envolvidos.

No terceiro grupo estarão os deputados contra os quais não foram encontrados indícios razoáveis de envolvimento nas fraudes. São deputados aos quais a própria quadrilha diz nas gravações que não participam do esquema.

A Mesa decidiu também pedir as fitas originais das conversas gravadas pela PF para tirar algumas dúvidas, assim como a lista com os nomes dos 170 deputados citados no depoimento deMaria da Penha Lino, ex-funcionária do Ministério da Saúde envolvida no esquema. A ex-assessora prometeu entregar à PF um CD com os nomes de todos os parlamentares que teriam recebido propina para apresentar emendas ao Orçamento da União e favorecer um esquema de fraudes em compras de ambulâncias para prefeituras. A informação foi dada à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira por uma fonte ligada às investigações da operação Sanguessuga, que já prendeu 55 pessoas suspeitas de superfaturar a venda de ambulâncias para prefeituras.

Entre os presos estão os ex-deputados Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Ronivon Santiago (PP-AC) e 12 assessores de parlamentares federais.

Maria da Penha também foi presa na operação e disse em depoimento que 170 parlamentares receberam propina da quadrilha para fazer emendas ao Orçamento que beneficiassem os municípios atendidos pela Planam, empresa que vendia as ambulâncias superfaturadas. Ela contou que os parlamentares assinavam propostas em branco de emendas ao Orçamento. Os documentos, de acordo com o depoimento da ex-servidora, eram preenchidos por funcionários da Planam, que incluíam os valores da emenda e os municípios que receberiam a verba. A assessora prestou depoimento depois de um acordo que pode reduzir sua pena em caso de condenação.

O esquema teria desviado R$ 110 milhões e o dinheiro para os parlamentares chegava ao Congresso dentro de malas, nos bolsos e até em cuecas e meias de motoristas e funcionários da empresa, de acordo com o depoimento de Maria da Penha.

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