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Desde a última sexta-feira, está liberada a propaganda eleitoral para a disputa das cadeiras de prefeito e vereador nos 5.565 municípios do Brasil. Em algumas cidades, a disputa promete ser bastante acirrada. Em outras, menos. O fato é, porém, que a vitória ou a derrota em outubro está diretamente ligada ao rumo da campanha de cada candidato que tomará conta do país nos próximos três meses. Para tentar mostrar como se elege um prefeito, a Gazeta do Povo ouviu consultores e marqueteiros políticos. Das entrevistas, surgiu uma pequena cartilha com algumas regras consideradas fundamentais por eles para o sucesso na eleição. A lista do que deve ser feito pelos candidatos ao Executivo municipal vai desde propostas regionalizadas, uma vez que os problemas são diferentes em cada canto da cidade, até prometer apenas o que poderá ser cumprido. Segundo os especialistas, as dicas não são garantia de vitória, mas representam passos à frente dos adversários.

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Regionalize a campanha

O eleitor é egoísta e escolherá o candidato no qual enxergar as maiores possibilidades de receber benefícios para si próprio e para sua comunidade. Por isso, o candidato deve regionalizar a campanha, afinal os problemas não são os mesmos em todos os bairros. Ao mostrar que conhece as necessidades de cada região e acenar com a solução, terá grandes chances de responder à grande pergunta do eleito: "O que eu vou ganhar com ele no poder?". "Um discurso por uma Curitiba melhor é subjetivo demais. O eleitor quer saber quais benefícios diretos ele terá, se o bairro dele vai ter asfalto, se as filas do posto de saúde vão acabar", afirma o consultor político gaúcho Roberto Rech. Segundo ele, 75% dos votos são decididos dessa forma – outros 10% são por identificação com o candidato e os 15% restantes são votos de oposição.

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Visite o eleitor

Já virou rotina o eleitor falar mal dos políticos o tempo todo. Mas, no período eleitoral, ele raramente deixa de se envolver e passa a discutir o assunto com amigos e familiares. Nesse cenário, ele quer se sentir participante da campanha. O consultor Roberto Rech explica que o eleitor gosta do contato com o candidato, de ser visitado, receber uma bandeirinha, ir a um comício. Mas isso não basta. É preciso caprichar no material de campanha e elaborar um jingle que contagie. "Em época de gripe A, quem espirra melhor sai em grande vantagem, porque as pessoas se deixam contaminar pela eleição. Quem tiver mais capacidade de contágio irá vencer", brinca Rech. O consultor destaca ainda que esse contágio só será possível com a presença em todos os cantos da cidade, por meio de cabos eleitorais, carros de som e material de campanha.

Evite fazer ataques

O brasileiro tem uma tendência natural a pender para o lado do "coitadinho" e a ficar com pena de quem está sendo injustiçado. Numa campanha, ataques com fundo eleitoreiro e claramente sem fundamento, terão sentido contrário ao esperado: farão com que o eleitor se volte contra o atacante. O conselho é evitar a baixaria e discutir os temas da cidade no campo das ideias. "Ir para o ataque não é uma estratégia muito adequada. A tendência é afastar o eleitorado. Além disso, campanhas passam e as pessoas continuam. Ninguém quer passar do campo político para a esfera judicial", pondera o consultor Willians Balan.

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Não prometa o céu

O eleitor não é bobo. Ele percebe quando um candidato dá um passo maior do que as pernas e, em busca de votos, promete mais do que poderá cumprir se for eleito. Por isso, trabalhe com propostas realizáveis e apresente argumentos que as sustentem. Muitas vezes, ainda que o eleitor não tenha muito conhecimento sobre determinada área, se o candidato embasar as propostas de forma sólida, ele vai comprar a ideia. "A partir do momento que se promete, isso passa a constar do plano de governo registrado em cartório e será cobrado. Não adianta simplesmente falar que vai fazer esgoto. É preciso demonstrar como isso será feito", diz o consultor Willians Balan.

Fale ao coração

O contato pessoal do candidato com o eleitorado é uma das formas de comunicação da campanha, mas está longe de ser a principal. A maneira mais garantida de conquistar votos é a propaganda eleitoral na televisão. É a tevê que lida com a emoção das pessoas e tem a maior capacidade de convencimento na decisão do voto. Ainda que as pesquisas mostrem que 50% dos eleitores desligam a tevê durante o horário eleitoral, se o candidato conquistar os outros 50% que estarão assistindo ao programa vencerá a eleição. "A imprensa escrita gera credibilidade, mas o poder maior de convencimento é da televisão", analisa o professor de Comunicação Willians Balan. Ele sugere ainda que se avalie muito bem ataques adversários antes de respondê-los na tevê, principalmente se vierem da internet. É um risco levar ao conhecimento de todos algo que, muitas vezes, um pequeno número de eleitores conhece.

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Seja um "camaleão"

Pesquisas são fundamentais para saber que cidade e que prefeito a população deseja para a próxima gestão. Esse perfil muda de uma eleição para outra: um tocador de obras, alguém pulso firme com as contas públicas, um jovem que planeje o futuro. Com a definição em mãos, o candidato precisa trabalhar em cima dessa imagem, adequando-se o máximo possível ao desejo do eleitor. Obviamente, quem disputa eleições há mais tempo já tem um eleitorado consolidado a favor e contra si. Ainda assim, há uma enormidade de eleitores entre esses dois extremos que pode ser conquistada. "A comunicação da campanha e o plano de governo podem adequar essa imagem para o eleitor que não está limite nem do não nem do sim ao candidato. Esse espaço pode ser trabalhado para mostrar uma imagem diferente daquela que o marca mais", explica Willians Balan, consultor político e professor de Comunicação da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Andando na linhaVeja o que é permitido e o que está proibido durante a campanha eleitoral.

PODE

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» Propaganda em bens particulares, desde que não exceda 4 m2 e não haja pagamento em troca do espaço utilizado.

» Colocação de cavaletes, bonecos, cartazes e mesas para distribuição de material de campanha e bandeiras em vias públicas, desde que não atrapalhe a circulação de pedestres e veículos e seja feita entre 6 e 22 horas.

» Inscrição, na fachada dos comitês, do nome do candidato ou da coligação, respeitando o tamanho de 4 m2.

» Propaganda nos sites do candidato, partido ou coligação, com endereços informados à Justiça Eleitoral e hospedados em provedor situado no Brasil.

» Envio de e-mails a endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação, garantindo o descadastramento de quem não quiser mais recebê-los.

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» Divulgação paga na imprensa escrita de até dez propagandas por veículo, em datas diversas, para cada candidato. O tamanho máximo do anúncio, que pode ser reproduzido na página do veículo na internet, é de um oitavo de página de jornal e um quatro de revista. A propaganda deve trazer o custo do anúncio.

» Carreata, carro de som e distribuição de material gráfico até as 22 horas do dia anterior à eleição.

NÃO PODE

» Showmício.

» Propaganda em outdoors.

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» Uso e distribuição de brindes, como camisetas, chaveiros, bonés e canetas.

» Doação de cestas básicas ou qualquer material que caracterize vantagem ao eleitor.

» Propaganda em bens públicos ou de uso comum, como postes, viadutos, passarelas, pontos de ônibus.

» Propaganda paga na internet, no rádio e na televisão.

» Propaganda em sites de pessoas jurídicas e em páginas oficiais ou hospedadas por qualquer órgão público.

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» Transmissão no rádio e na televisão de programas apresentados ou comentados por candidato.

» Propaganda que degrade ou ridicularize candidatos.

» Candidatos comparecerem a inaugurações de obras públicas.

» Agentes públicos contratarem shows artísticos pagos com recursos públicos em inaugurações.

» Agentes públicos contratarem ou exonerarem funcionários.

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» Uso de alto-falante ou amplificadores de som em distância inferior a 200 metros de órgãos do poder público.

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE).