Dois grandes caminhões do tipo baú chegaram na manhã desta terça-feira (6) ao Palácio da Alvorada, onde a ex-presidente Dilma Rousseff fazia os últimos preparativos para deixar a residência.
Dilma viaja para Porto Alegre durante a tarde. A expectativa é que chegue à capital gaúcha às 17 horas.
Os caminhões de mudança entraram pela lateral do Alvorada, após uma rápida checagem pela segurança e seguiram para os fundos do palácio. Os dois veículos fazem parte de uma frota de quatro caminhões alugados ao custo de R$ 15 mil cada um, para o transporte da mudança da ex-presidente, com capacidade de 18 toneladas.
Além do cargo da qual foi afastada, Dilma Rousseff deve deixar para trás presentes recebidos por outros chefes de Estado durante os anos em que exerceu Presidência.
A ex-presidente será recebida na capital gaúcha com um grande ato político preparado pelo ex-ministro Miguel Rossetto. O petista espera usar o momento político para alavancar uma eventual candidatura ao governo do Rio Grande do Sul, em 2018.
Dilma Rousseff deve se dividir entre Porto Alegre e Rio, onde sua mãe tem um apartamento.
Presidente é cumprimentada ao deixar o palácio
Estadão Conteúdo
Durante a tarde, Dilma deixou o Palácio da Alvorada, a residência oficial que ocupou durante quase seis anos. Ela saiu pontualmente às 15h30, desceu do carro e ficou cinco minutos cumprimentando manifestantes que se aglomeravam diante do local.
Um grupo de aproximadamente 200 pessoas ficou horas no sol para se despedir da petista, que estava acompanhada por senadores, deputados e ex-ministros. Aos gritos de “Nós voltaremos” e “Fora Temer”, muitos carregavam bandeiras do PT, de trabalhadores na agricultura e até da campanha presidencial de 2014. A música da campanha, “Coração Valente”, tocava em alto volume. “Muito obrigada a vocês”, disse ela.
Seis dias após o Senado aprovar o seu impeachment, por 61 votos a 20, Dilma seguiu para a Base Aérea de Brasília, de onde embarcaria por volta de 16 horas para Porto Alegre. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousará em Canoas.
Mulheres jogaram pétalas vermelhas no asfalto por onde o comboio de dez carros passou, à saída do Alvorada. “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”, gritavam os manifestantes. “Pisa ligeiro, pisa ligeiro. Quem não pode com a mulher não assanha o formigueiro.”
Dirigentes do PT e de movimentos sociais preparam uma recepção para ela, ainda nesta terça-feira, na Base Aérea de Canoas (RS), perto de Porto Alegre. Os ex-governadores do Rio Grande do Sul Tarso Genro e Olívio Dutra, ambos do PT, estarão presentes na manifestação de apoio, além de deputados, senadores e ex-ministros.
A partir de agora, Dilma terá direito a oito servidores de livre escolha, com salários que vão de R$ 2,2 mil a R$ 11,2 mil, e também a dois carros. Os direitos dos ex-presidentes são regidos pela lei 7.474, de 1986, e pelo decreto 6381, de 2008. Dos oito funcionários, quatro são para prestar serviços de segurança e apoio pessoal, dois para assessoria e outros dois são motoristas.
Dilma vai morar em Porto Alegre, mas pretende passar temporadas no Rio de Janeiro, local considerado mais estratégico para uma atuação política. Apesar da aprovação do impeachment, o Senado decidiu liberar a presidente cassada para ocupar cargos públicos e até disputar eleições.
No último dia 31, quando perdeu o mandato, Dilma fez um duro pronunciamento no Alvorada, no qual prometeu denunciar em todos os fóruns o que chamou de “golpe” de Estado.
“Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”, afirmou ela, naquele dia, acompanhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de ex-ministros, senadores, deputados, dirigentes e militantes do PT.
Dilma planejava deixar o Alvorada antes da chegada do presidente Michel Temer a Brasília. Temer, porém, antecipou sua volta da China, onde participou da reunião de Cúpula do G20, e já está na capital federal.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e apoiadores reagem a relatório da PF que indiciou 37. Assista ao Entrelinhas
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Otan diz que uso de míssil experimental russo não vai dissuadir apoio à Ucrânia