Cabeça do eleitor
Meio ambiente não decide eleição, diz analista
Apesar de concordar com a tese de que a questão ambiental será uma novidade no xadrez político de 2010, o cientista político Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, não considera o tema como algo primordial como fator de decisão do eleitor. "O brasileiro tem três prioridades quando vota: consumo, consumo, consumo. Ele é individualista, quer saber o que o candidato tem a dar." Autor dos livros A Cabeça do Brasileiro e A Cabeça do Eleitor, Almeida afirma que o discurso ambientalista é moderno e, por isso, cai bem aos jovens. Por outro lado, ressalta que nenhum candidato aparecerá como defensor do desmatamento da Amazônia e que campanhas monotemáticas como a que Marina Silva (PV) poderá fazer em relação ao meio ambiente tendem a se enfraquecer.
Brasília - O cardápio da campanha eleitoral de 2010 será mais verde. Aliadas às propostas para manutenção do crescimento econômico, os presidenciáveis serão obrigados a apresentar soluções e assumir compromissos para os desafios ambientais. Pela primeira vez em duas décadas de eleições presidenciais, o tema deverá estar na linha de frente da disputa e não apenas pela candidatura da senadora Marina Silva (PV).
Emissão de gases do efeito estufa, preservação da Amazônia e a prevenção de catástrofes naturais serão armas afiadas a favor e (principalmente) contra a maioria dos concorrentes. Na semana passada, dois embates envolvendo a candidata governista Dilma Rousseff deram uma prévia do que será o debate ambiental.
A ministra da Casa Civil entrou em choque com o colega Carlos Minc, do Meio Ambiente, sobre a proposta brasileira que será levada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague (Dinamarca), em dezembro. Minc defendeu um projeto que prevê uma redução de 80% no desmatamento da Amazônia, além do congelamento da emissão de gás carbônico nos níveis de 2005. Dilma, porém, questionou os dados, que estariam pautados em um crescimento econômico menor do que o previsto para os próximos anos.
Na quinta-feira, uma manifestação do Greenpeace usou um boneco de Dilma para protestar contra a liberação do cultivo de arroz transgênico no país. A ministra é presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, órgão responsável por deliberar sobre o tema. Os ativistas acompanharam a reunião com faixas que estampavam a frase: "Dilma, veneno no meu prato não". A ministra não estava no encontro e a discussão foi adiada.
"Está bem claro que a ministra Dilma representa uma ala desenvolvimentista da esquerda, a mesma que levou a situações ambientais críticas em países do Leste Europeu", avalia o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ).
Gabeira foi o precursor do uso do meio ambiente como tema central de campanha. Em 1986, durante a disputa pelo governo do Rio de Janeiro, ele reuniu 70 mil pessoas em um abraço à Lagoa Rodrigo de Freitas. Três anos depois, foi candidato a presidente, mas somou apenas 0,18% dos votos válidos. Ele próprio, porém, tornou-se exemplo de que a mentalidade do eleitor mudou nos últimos anos. No ano passado, Gabeira foi a "zebra" da disputa municipal carioca. Com uma campanha modesta em recursos, obteve 1.640.970 votos (49,17%), apenas 1,66% a menos que Eduardo Paes (PMDB), que contou com apoios do governador Sérgio Cabral (PMDB) e do presidente Lula (PT).
"É inegável que as pessoas estão mais preocupadas com o meio ambiente e que esse será tema de campanha. Todo catarinense, por exemplo, sabe a importância dessa discussão depois da onda de enchentes do ano passado", afirma o deputado paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB). O peemedebista é presidente da Comissão de Energias Renováveis da Câmara.
Segundo ele, o tema ganhará destaque entre os eleitores mais jovens. "Quem souber passar a melhor mensagem sobre a questão ambiental com certeza vai atrair mais votos dentro desse nicho." Nessa linha, Marina Silva estaria pelo menos um passo adiante dos adversários.
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