• Carregando...
Barusco disse que já recebia propina na gestão de FHC. Mas isso  era de caráter pessoal e não institucional, o que só ocorreu na gestão Lula. | Uselei Marcelino/Reuters
Barusco disse que já recebia propina na gestão de FHC. Mas isso era de caráter pessoal e não institucional, o que só ocorreu na gestão Lula.| Foto: Uselei Marcelino/Reuters

Medo [de ser assassinado] eu tenho. Todo mundo tem medo. Foi uma situação em que me coloquei e tenho de enfrentar.

Pedro Barusco, dizendo temer que possa ser morto, como ocorreu com o ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, que revelou um esquema de corrupção na prefeitura.

Em 2010 foi solicitado

à [empresa holandesa] SBM [que tinha negócios com a Petrobras] um patrocínio de campanha, mas não
foi dado por eles diretamente. Eu recebi o dinheiro e repassei (...) para o João Vaccari Neto [tesoureiro do PT].

Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras.

Se o contrato pertencia [à diretoria de] Abastecimento, 2%, 1% era (...) para o diretor Paulo Roberto [Costa] conduzir o recebimento e o encaminhamento. Outro 1% era metade para o PT e metade para a casa – no caso, Renato Duque [ex-diretor de Serviços].

Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras.

No primeiro depoimento da nova CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco disse nesta terça-feira (10) que a campanha de 2010 da presidente Dilma Rousseff recebeu US$ 300 mil (R$ 930 mil, em valores atualizados) do esquema de desvio de recursos investigado pela Operação Lava Jato. Barusco, que admite ter se beneficiado pessoalmente do esquema a partir de 1997, assinou um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

O ex-gerente disse que recebeu um pedido de reforço financeiro do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e que, por isso, providenciou o repasse de U$ 300 mil para a campanha de Dilma. “Em 2010 foi solicitado à [empresa holandesa] SBM [que tinha negócios com a Petrobras] um patrocínio de campanha, mas não foi dado por eles diretamente. Eu recebi o dinheiro e repassei (...) para o João Vaccari Neto”. Como empresas estrangeiras não podem financiar campanhas no Brasil, o repasse é ilegal.

Barusco também reafirmou nesta terça-feira (10) que havia um acordo para que um porcentual dos contratos firmados pela diretoria de Serviços da Petrobras seria destinado ao PT, e que o responsável pelo recebimento era Vaccari. Esse porcentual era propina paga pelo cartel de empresas que tinham negócios com a estatal. O dinheiro era repassado a funcionários da Petrobras, que distribuíam parte da propina para partidos aliados do governo federal.

Barusco, porém, disse que só conversava com Vaccari sobre a divisão da propina e não sabia a destinação que seria dada ao dinheiro. “Isso cabia ao João Vaccari gerenciar. Ele era responsável. Não sei como ele recebia, para quem ele distribuía, se era oficial, extra-oficial”, disse. Ou seja, Barusco não sou dizer se a verba financiava o partido por meio de caixa 2 ou doações legais.

O ex-gerente da Petrobras disse ainda que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado ao cargo pelo PT, era outro que recebia recursos do esquema de propina da Petrobras.

Barusco também procurou esclarecer a informação, que vazou de sua delação premiada, de o PT teria recebido US$ 200 milhões do esquema da Lava Jato. “Gostaria de esclarecer um detalhe: dizem que eu acusei o PT de receber US$ 200 milhões ou US$ 150 milhões. Estou aqui com acordo em mãos. O que eu disse é que eu estimava esse valor, que por eu ter recebido a quantia divulgada, como o PT estava na divisão da propina, cabia a ele receber o dobro ou um pouco mais. Eu estimava que devia ter recebido o dobro. Se eu recebi [US$ 100 milhões], por que os outros não?”, questionou. “Eu não acusei nada. Eu falei que cabia a mim uma quantia e eu recebi. Então eu estimei. Eu estimo, considerando o valor que recebeu de propina, que foi pago de US$ 150 a US$ 200 milhões [ao PT].”

Ele ainda explicou como era feito o rateio da propina. “Se o contrato pertencia [à diretoria de] Abastecimento, 2%, 1% era (...) para o diretor Paulo Roberto [Costa, outro delator da Lava Jato] conduzir o recebimento e o encaminhamento. Outro 1% era metade para o PT e metade para a casa – no caso, Renato Duque. Eu cuidava desse 0,5% e o outro 0,5% mais recentemente, quando assumiu João Vaccari, era ele quem conduzia”.

Barusco disse que, além dele, “em alguns casos” também receberam recursos de propina o então diretor da Petrobras Jorge Zelada e, em pouquíssimos casos, o sucessor dele, Roberto Gonçalves.

Gestão FHC

Barusco ainda disse que começou a receber propina entre 1997 e 1998, época da gestão Fernando Henrique Cardoso na Presidência, por parte da empresa SBM. Mas ele afirmou que, naquele período, a propina era de caráter pessoal. A partir de 2004, jpa no governo Lula, o esquema teria se institucionalizado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]