Os discursos dos dois concorrentes à prefeitura de Londrina o ex-prefeito e deputado estadual Antonio Belinati (PP) e o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) podem se tornar mais agressivos conforme se aproxima o fim dessa eleição municipal. De acordo com especialistas, embora o tempo pareça pouco, os dez dias que faltam para a votação serão intensos e decisivos, podendo ser usados inclusive para ataques pessoais mútuos.
De acordo com o consultor político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Hélio Doyle, esses ataques são previsíveis, até pelo fato de os dois serem de oposição. "Como eles não têm uma administração para ficar criticando, ou defendendo, o discurso ficará em torno dos atributos dos candidatos, quem é mais experiente, quem é mais ou menos honesto", explica Doyle.
O cientista político Mário Sérgio Lepre, que também é professor em diversas instituições de ensino superior em Londrina, confirma a tese de que o clima político deverá esquentar na cidade nessa reta final, já que o discurso de mudança torna-se obsoleto entre dois candidatos de oposição. "Hauly deverá explorar cada vez mais o passado do ex-prefeito. No primeiro turno já usou essa estratégia (contra o candidato do PDT, Barbosa Neto, que ficou em terceiro com 1.872 votos a menos que o tucano, em um universo de mais de 340 mil eleitores) e funcionou, o que indica que pode voltar a usá-la agora", aponta Lepre, o que não é totalmente afastado pelo candidato do PSDB.
Apesar de negar que partirá para o ataque, Hauly confirma que irá "lembrar a população sobre o passado de Belinati" (que já teve seu mandato cassado em 2000, o nome envolvido em escândalos e aguarda decisão final da Justiça Eleitoral sobre a viabilidade de sua candidatura), da mesma forma que fez com Barbosa Neto. "Sempre fiz uma campanha propositiva e vou continuar assim. Mas pretendo usar a questão da ficha suja, lembrar os eleitores sobre isso", disse.
Do outro lado da disputa, o candidato do PP deverá se defender mostrando o que fez enquanto prefeito, podendo assumir, inclusive, uma posição de vítima, conforme explica Lepre. "Bater não é tão simples, veja o exemplo de São Paulo (em que Marta Suplicy questionou a vida pessoal de Kassab). Corre-se o risco de usar o passivo do candidato de forma cansativa ou até mesmo de o ofendido usar o discurso de perseguido para rebater as acusações."
Flores e pedras
Quanto a possíveis ataques, Belinati garantiu que não irá se abalar e que deverá manter o clima pacífico, que afirma ser uma característica dos seus 40 anos de vida pública. "Vamos conduzir a campanha com paz e amor. Cada tijolo, cada pedra que me jogarem serão devolvidas com um buquê de flores."
O discurso pacifista, porém, não se reproduz entre os militantes espalhados pela cidade, que já começa a sentir os efeitos da polarização e a presenciar cenas de confrontos diretos entre cabos eleitorais de ambos os lados. Em uma manifestação realizada ontem à tarde no centro da cidade, promovida por jovens integrantes de um site de relacionamentos do Orkut, "Belinati Não!, simpatizantes do ex-prefeito rasgaram a faixa usada no piquete. Ainda na escalada de agressividade da campanha, o viaduto da rodovia PR-445 sobre a Avenida Madre Leônida Milito próximo ao Shopping Catuaí, movimentado ponto da cidade amanheceu coberto de pichações contra o tucano.
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Tensão aumenta com pressão da esquerda, mas Exército diz que não vai acabar com kids pretos
O começo da luta contra a resolução do Conanda
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas