Nenhum dos 11 candidatos ao governo do Paraná divulgou oficialmente suas propostas de governo, apesar de faltarem apenas dois meses para as eleições. Em outros pleitos, pelo menos os candidatos de maior representatividade já haviam apresentado seus planos até o fim de julho. Todos os candidatos ao governo do Paraná foram consultados pela Gazeta do Povo e afirmaram que estão finalizando suas propostas de governo e que devem apresentá-las nos próximos dias. Apenas o candidato do PSL, Antônio Roberto Forte, tem um documento pronto. A demora nesse processo prejudica a escolha do eleitor e o debate de idéias, de acordo com analistas e observadores políticos.
Em 2002, quando também houve eleições para escolha de governadores, presidente da República, deputados federais e senadores, as discussões de campanha começaram mais cedo. Dois dos 12 candidatos ao governo do Paraná se encontraram para um primeiro debate em 30 de julho, em evento promovido por várias instituições. Neste ano, ainda não foi marcado nenhum encontro desse tipo. Naquele ano, o pleito ocorreu em 6 de outubro. Em 2006, o primeiro turno acontece em 1.º de outubro.
Para a cientista política Luciana Veiga, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a demora em apresentar os projetos de campanha demonstra uma falta de conformidade dos candidatos. "Se eles estão fazendo visitas, se expondo, já estão em campanha e, teoricamente, já deveriam estar com as propostas prontas", afirma. Para ela, o que atrasou a consolidação das propostas neste ano foi a formação de alianças. "É uma situação curiosa: os partidos estavam preocupados em viabilizar a candidatura por meio de apoios, em vez de se preocupar com os programas de governo", critica.
Luciana também critica os programas feitos apenas para atender as demandas da sociedade. "Parece que hoje os programas mudam de acordo com as demandas da população, que são cada vez mais voláteis. Tenho a impressão de que os planos, antes elaborados com todo o cuidado, deixaram de ser prioridade para os partidos", avalia. De acordo com o professor de planejamento estratégico da UniFAE, Antoninho Caron, o plano de governo deve começar no momento em que uma pessoa decide se candidatar para algum cargo. "A pessoa deveria então apresentar um conjunto de idéias, ouvir o que a sociedade quer e ir compondo o plano, mas tendo como base sempre suas percepções, seu planejamento ideológico." Caron diz que, como nenhum dos candidatos apresentou formalmente o plano, será preciso analisar com muito cuidado as propostas. "Será preciso ter um olhar mais crítico para avaliar as sugestões dos candidatos."
O presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Jefferson Nogaroli, também lamenta a demora na apresentação das propostas. "Quanto antes os candidatos apresentarem suas proposições, mais cedo poderemos promover debates", afirma. Nogaroli diz que gostaria que os candidatos levassem em conta as propostas do Fórum Futuro 10, evento realizado pela RPC no ano passado e que teve a participação de cerca de 5 mil líderes, de diversas áreas. "Entendo que os candidatos queiram ouvir pessoalmente algumas reivindicações, mas o fórum representa uma parcela muito grade da população e já tem suas proposições prontas", acrescenta.
Na avaliação do presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), Darci Piana, a população ficará prejudicada pelo atraso na divulgação das propostas. "Como a Justiça Eleitoral restringiu alguns tipos de propaganda em locais públicos, o debate de idéias se torna ainda mais importante."
Mesmo pagando emendas, governo deve aprovar só parte do pacote fiscal – e desidratado
Como o governo Lula conta com ajuda de Arthur Lira na reta final do ano
PF busca mais indícios contra Braga Netto para implicar Bolsonaro em suposto golpe
Não é só nos EUA: drones sobrevoam base da Força Aérea americana e empresas estratégicas na Alemanha
Deixe sua opinião