A proposta que está sendo discutida no Congresso Nacional para proibir a distribuição de brindes está deixando em alerta os empresários do setor. Pelas contas dos candidatos e de quem trabalha para campanhas eleitorais, a proibição de bonés, chaveiros, canetas e afins pode reduzir o custo das campanhas proporcionais em até 30%.

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O texto base do substitutivo do projeto de Lei 5855/05, que apresenta uma série de medidas para diminuir os custos das campanhas eleitorais, foi votado na quinta-feira passada na Câmara dos Deputados. Ainda falta discutir 40 emendas propostas, mas os artigos que prevêem a proibição de showmícios e distribuição de brindes já aprovados pelos deputados federais.

Depois da votação das emendas, o projeto terá que retornar ao Senado para nova votação, para então ser sancionado pelo presidente da República. As modificações na lei eleitoral serão aplicadas nas eleições de outubro deste ano.

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O empresário Eliel Borba diz que a aprovação da proibição dos brindes representaria uma queda de 20% do faturamento da empresa. "Normalmente começamos fazer contato com os políticos em abril e daí em diante trabalhamos em campanha. Se a proposta for aprovada será terrível para nós", diz.

Outro empresário que fabrica brindes, Renato Marcola, alerta para o perigo de se acabar com a distribuição de lembranças para os eleitores. "Se é um brinde com o nome e o número do candidato é mais fácil identificar quem é. Se proíbem, eles começarão a repassar cesta básica, gasolina, coisas sem identificação. Vai ser mais difícil controlar caixa 2", acredita. Ele ainda argumenta que a fabricação de brindes movimenta a economia em ano eleitoral.

Já Elson Torres, outro empresário do setor, diz que tem receio de trabalhar com políticos. "Já recebi muito cheque sem fundo de candidato.", diz o fabricante de brindes que na campanha de 2004 trabalhou para um candidato a prefeito que foi responsável por 10% do faturamento do ano. Ele conta que recebe propostas indecentes dos políticos, como repassar nota quatro vezes acima do valor real. Como cidadão, ele é a favor da proposta e prefere o convencimento pela palavra.

O planejador de campanha José Lauter calcula que a proibição de brindes pode representar uma economia de 30% no valor da campanha para deputados. Já para as majoritárias, o grande custo é para produção dos programas eleitorais na tevê.

Se não for proibida a distribuição de lembrancinhas, o candidato precisa distribuir os seus para não sair atrás dos outros candidatos. "O vínculo do eleitor com o candidato é frágil. Ele vota por causa de um brinde, mesmo", diz Lauter. Para as campanhas que trabalha, costuma calcular o número de brindes a serem encomendados de acordo com o número de votos necessários. "Se a meta para deputado estadual for 50 mil votos, é preciso fazer em média 20 mil camisetas, 30 mil bonés e mais uma quantidade parecida de canetas e chaveiros", diz.

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A estimativa dos organizadores de campanha e candidatos é que, para se eleger deputado estadual, o candidato precisará investir R$ 20 por eleitor, incluindo os brindes, e ter uma meta de 40 mil votos. Para deputado federal, esse valor pode dobrar, chegando a 100 mil votos e R$ 1,6 milhão necessários para a campanha.