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São Paulo (AE) – Os resultados parciais da eleição no PT confirmaram o fim do Campo Majoritário como potência hegemônica no Diretório Nacional – instância máxima do partido – e jogaram para o segundo turno em 9 de outubro a decisão sobre quem presidirá a legenda. Apenas o candidato do Campo, Ricardo Berzoini, já garantiu sua passagem para a próxima etapa, com 42,8% dos votos (80.750) totalizados até o início da noite. Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, lidera a corrida para a segunda vaga, com 17% (32.160 votos), seguido por Plínio de Arruda Sampaio, com 13,4% (25.269 votos).

A cúpula do PT alega que ainda é impossível confirmar quem será o adversário de Berzoini, por causa do ritmo diferenciado da apuração em todo o país e da pequena margem de votos que separa o segundo até o quinto colocado; Raul Pont, da Democracia Socialista recebeu 12,7% (23.991 votos) e Maria do Rosário, do Movimento PT, com 12% (22.586). Markus Sokol aparece com 1,4% (2.652 votos) e Gegê 0,6% (1.217).

De acordo com o informe do PT, até às 20 horas foram totalizados 201.096 votos, provenientes de 2.026 municípios, em 24 estados.

Não havia, até então, nenhum voto totalizado proveniente dos estados de Amazonas, Amapá e Roraima.

"Está absolutamente claro que nenhuma chapa, nenhum campo terá maioria absoluta", comemorou o presidente interino do PT, Tarso Genro. "As decisões que o partido vai tomar não serão automáticas por hegemonia quantitativa. Serão decisões mais dialogadas, mais fundamentadas. Isso vai valorizar mais as instâncias do partido e todos os grupos de opinião que o PT tem."

Retrospecto

Nas eleições de 2001, o Campo Majoritário obteve 51,7% dos votos e comanda hoje 41 postos no Diretório. José Dirceu então foi eleito presidente da legenda com 55,6%. O grupo moderado, ao qual é ligado Dirceu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a maioria dos dirigentes envolvidos no escândalo do mensalão, domina o PT há 10 anos. Com a ajuda de correntes de centro e centro-esquerda, como o Movimento PT e o PT de Luta e de Massa, o Campo obteve maiorias superiores a 60% em várias votações do Diretório.

"O Campo Majoritário vai ter de mudar de nome", afirmou Valter Pomar. "Pelo menos 55% dos petistas votaram nos candidatos e chapas de oposição e quem for ao segundo turno tem chance real de vitória." Para Joaquim Soriano, secretário de Formação Política do PT, ligado à Democracia Socialista, o Campo "se espatifou". Na definição de Tarso, defensor da "refundação" do PT, o resultado da eleição "enterra de vez o nome Campo Majoritário".

Voto de cabresto

Genro afirmou que há um "exagero" nas informações de que a eleição para renovação das direções do partido foi marcada por voto de cabresto. Irritado com a insistência de perguntas sobre possíveis irregularidades, Genro foi taxativo: disse que o partido não tem curral eleitoral.

"Isso é um exagero de pessoas que ou não têm compromisso com o projeto do PT e com o seu resgate ou torcem para que a eleição do partido não dê certo", observou. Sem esconder a contrariedade, Genro foi irônico: "Lamentavelmente, para essas pessoas, a eleição deu certo".

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