Virtual candidato à Presidêcia em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), criticou ontem a presidente Dilma Rousseff por antecipar o lançamento de sua candidatura à reeleição num momento em que tem dificuldades para fazer a economia voltar a crescer com vigor. "Nunca vi quem está no governo, sobretudo quem está no governo numa situação de dificuldade, antecipar calendário eleitoral", disse o governador, após cerimônia no Recife. "Nunca vi isso dar certo". completou.
Dilma foi lançada candidata à reeleição há uma semana pelo seu antecessor e padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo uma temporada de provocações entre petistas e outros políticos interessados na corrida presidencial. Campos, que deseja entrar na disputa pela Presidência, tem sido pressionado por aliados a lançar logo sua candidatura, mas prefere deixar o anúncio para mais tarde para não ficar exposto a ataques dos adversários tão cedo, um ano e meio antes da eleição.
Num sinal do incômodo que os petistas criaram para ele, o governador citou pela primeira vez a presidente ao criticar a precipitação do debate eleitoral e afirmou que o PSB não aceitará ser "atropelado" por outros partidos.
"O relógio do PSB trabalha no fuso horário do PSB", disse Campos. "Não vamos trabalhar com o relógio dos outros, com o tempo dos outros, nem fazer o jogo dos outros."
Aliança
Perguntado sobre as ambições presidenciais de Campos em Fortaleza, onde participou ontem de uma reunião do diretório nacional do PT, Lula disse que a "aliança histórica" com o PSB foi posta em risco.
"Eu defendo a liberdade incondicional de cada partido fazer o que achar melhor", afirmou. "Eu jamais tomaria qualquer atitude para impedir que algum companheiro fosse candidato."
Em seguida, acrescentou: "O que temos que ver é se estrategicamente é importante a gente colocar em questão uma coisa que tem dado tão certo para o país, a aliança histórica entre PT e PSB."
A portas fechadas, ao se dirigir à cúpula do partido na reunião do diretório nacional, Lula foi mais duro. "Quem quiser romper que rompa [com o governo]", teria dito, de acordo com relatos de participantes da reunião.
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