O governador Eduardo Campos mostrou-se confiante em uma alteração na Medida Provisória dos Portos, um dia depois de protagonizar um embate com a ministra do Planejamento, Gleisi Hoffmann, em audiência da Comissão Mista do Congresso, em Brasília. "Acredito que o Congresso vai fazer um relatório contemplando nossas preocupações", disse nesta quarta-feira. Campos é contrário à MP porque tira o poder dos Estados de realizar licitações de novos terminais portuários. Hoffmann disse que não aceitará a retirada do porto pernambucano de Suape da abrangência da MP.
"A impressão que trago do que ouvi dos deputados e senadores é de esforço no sentido de fazer relatório consensual e abrir a possibilidade de mudança", disse ele, em entrevista, depois de entregar 70 novas viaturas policiais para o programa Patrulha nos Bairros. "Existem 600 emendas apresentadas, muitas delas vão ao encontro do que a gente entende que seja justo, mas já houve um avanço na conversa com os trabalhadores. Acredito que o Congresso vai fazer um relatório contemplando nossas preocupações".
O desafio, segundo ele, é usar a política para fazer "o consenso possível". "O que não for alvo de consenso, vai para o voto". Campos lembrou que já esteve no Congresso por alguns anos e testemunhou a construção de consenso em torno de questões mais complicadas.
Lula
Sobre a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal Valor Econômico, na qual ele reiterou sua "amizade inabalável" com Eduardo Campos e falou que as candidaturas de Marina e de Eduardo Campos à Presidência da República seriam boas para a democracia, o governador disse ser grato "pelas generosas palavras do ex-presidente".
"Já disse a vocês que nenhuma circunstância política haveria de afetar minha relação pessoal, de respeito, admiração ao brasileiro, ao presidente que votei, que servi como ministro, como ser humano, como líder político". Indagado se as palavras de Lula estimulavam sua candidatura, ele desconversou. Segundo Campos, a fala de Lula o conforta e emociona "pela forma como ele sabe distinguir processo político e relações pessoais".