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Em uma trégua nas críticas que vinha fazendo ao governo federal, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), trocou cortesias com a presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira (17) em Ipojuca, na região metropolitana do Recife. O pernambucano procurou destacar que, diferentemente do que seria esperado, não há clima hostil entre ele e a presidente, apesar de indicar que ambos deverão se enfrentar na disputa presidencial de 2014.

"Para alguns, este seria um momento diferente do que está sendo. Poderia ser entendido como um encontro entre quadros políticos que amanhã poderão viver legitimamente uma disputa democrática. Mas não. Esse é um encontro entre uma presidenta eleita democraticamente pelo povo brasileiro e por um governador reeleito pelo seu povo que sabem separar o interesse público do interesse da disputa política", afirmou.

Dilma e Campos participaram de cerimônia de conclusão das obras da plataforma P-62, voltada para exploração de petróleo em águas profundas, no estaleiro Atlântico Sul, no porto de Suape. Antes, visitaram obras da refinaria Abreu e Lima ao lado da presidente da Petrobras, Graça Foster.

Foi a primeira vez que Dilma e Campos dividiram palanque desde que o pernambucano anunciou a saída do PSB da base do governo, em setembro, em sinal de que pretende ser candidato ao Planalto em 2014.

Em visita a Pernambuco em março, a presidente havia cobrado "fidelidade" dos partidos aliados do governo. Na época, Campos já indicava possível rompimento com Dilma para concorrer nas eleições presidenciais do próximo ano. "Tenho por Vossa Excelência um respeito muito grande, pois lhe tenho como uma brasileira honrada que ajudou a construção do Brasil que temos hoje. Sempre fiz esse registro em público e faço questão de reiterá-lo nessas circunstâncias", disse o pernambucano a Dilma.

O governador aproveitou sua fala para também enaltecer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conterrâneo e amigo de Campos, Lula insistiu, até o rompimento do PSB com o governo, em que ele desistisse da candidatura ao Planalto. "Que minhas palavras aqui nesse momento também, de agradecimento, sejam extensivas a um outro grande brasileiro que nos aproximou, o nosso querido presidente Luiz Inácio Lula da Silva", declarou Campos.

O discurso do governador teve ainda um clima de despedida, em um sinal de que ele deverá mesmo renunciar ao cargo no próximo ano para entrar em campanha. "Talvez esta seja a última vez que, como governador, tenho a satisfação de recebê-la em território pernambucano. E quero, nessas circunstâncias, trazer a nossa palavra que sempre foi de boas-vindas", disse Campos ao saudar a presidente.

Dilma retribuiu a cortesia e agradeceu, dirigindo-se a ele, pela "recepção fraterna de alto nível das relações que sempre pautaram a nossa convivência". Os dois saíram do evento em um mesmo carro.

Paternidade

Apesar do clima de cordialidade, Campos procurou fazer um contraponto à disputa pela paternidade de investimentos no Estado, citando a expressão "nova política", que tem pautado seus discursos críticos ao Planalto. "As parcerias que faremos daqui a pouco serão feitas com recursos do povo brasileiro. E nós sabemos que a nova política nos obriga sempre a olhar para frente, a ter a compreensão do que fizemos no passado, e também nos embalar das conquistas do passado para pensar um futuro onde os recursos públicos não pertencem à prefeitura, ao Estado, à União ou a partido político. Pertencem ao povo", disse o governador.

Já em seu discurso, Dilma frisou que o investimento de cerca de R$ 1 bilhão no complexo viário do Arco Metropolitano do Recife será feito "com dinheiro exclusivo do governo federal".

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