A revolta dos eleitores que promoveram a queima de urnas eletrônicas no primeiro turno das eleições em Benedito Leite, no Maranhão, e que colocou a cidade no noticiário nacional, tem pelo menos três versões: o cancelamento de cerca de 400 títulos eleitorais s vésperas do pleito; a impugnação de três candidatos a prefeitos e uma suposta motivação eleitoreira. As duas primeiras são defendidas pelos candidatos Marcus França (PRTB) e Pené (PMDB), e a terceira pelo candidato Júnior Coelho (PRB).

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Um inquérito das Polícias Civil e Federal foi aberto para apurar as denúncias, e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai investigar a conduta do juiz eleitoral Silvio Suzart, responsável pelos cancelamentos e impugnações e afastado após o primeiro turno frustrado.

O que é consenso entre todos é que foi uma situação lamentável, que trouxe prejuízos para a imagem da cidade e que aquela não é a realidade do povo de Benedito Leite.

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O dia 5 de outubro colocou Benedito Leite no cenário nacional, mas se referindo a cidade com cenas de vandalismo. Muita coisa aconteceu antes: títulos foram cancelados irregularmente, candidatos foram impugnados e isso trouxe a revolta da população Não houve explicação, nem revisão eleitoral. O povo não fez o certo, mas foi a maneira que encontrou de reivindicar seus direitos, disse Marcus França.

Para o adversário, Júnior Coelho, é uma imagem muito negativa para a cidade e para o Brasil, porque hoje o que mais se preza são as eleições. "Hoje somos modelo de tecnologia com nossas urnas eletrônicas, e o estado de democracia foi quebrado aqui."

Junior Coleho, no entanto, associa o evento ao atual prefeito da cidade, Walber Barros. "O que aconteceu em Benedito Leite não teve nada relacionado com a Justiça Eleitoral. Simplesmente foi o partido do prefeito, que perdeu a eleição, e inconformado com a derrota porque a eleição chegou a ser apurada e, logo após s 17h, começaram a depredação", disse.

Inconformados com a perda do poder, eles criaram um factóide para que a eleição fosse anulada, e conseguiram, completou.

Walber Barros não é candidato reeleição ele já está no poder há oito anos mas sua tia, Penélope de Barros, é a sua candidata O prefeito se defende dizendo que o candidato não tem provas contra ele.

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"Ele não pode dizer que foi o meu povo, porque eu não sei se os títulos cancelados eram dos meus eleitores. Eu não estava lá na hora da confusão. O povo, sim, se revoltou. Nem a polícia conseguiu conter a multidão, então ele não pode dizer que é o meu povo. Quando fiquei sabendo do episódio, já estava na minha casa", defendeu-se.

Sobre o episódio, dona Pené, como é conhecida a candidata ligada ao prefeito, diz que a turma de jovens que ia votar pela primeira vez se revoltou e resolveram destruir as urnas. "Se não fizessem assim, eles continuariam não votando e o adversário teria ganho, porque eu não tive nenhum voto em nenhuma urna. Os cancelamentos dos títulos caíram sobre mim, os dele foram uma minoria", afirmou.

Segundo o promotor eleitoral Fernando Meneses, a Procuradoria Regional Eleitoral também vai investigar o caso. Ele disse que enviou todos os documentos que conseguiu para a apuração e que, até agora, o que se apurou sobre a conduta do juiz que cancelou os títulos é que ele atendia a determinação superior de um juiz de São Luís.

"Além da investigação, o Ministério Público Eleitoral também trabalha numa frente de conscientização. Temos buscado mostrar s coligações que aqui temos três candidatos e que dois vão perder e um vai ganhar. Precisamos prepara-los para a derrota, para que não surja nenhum clima de agressividade que marcaria a cidade e estaria contra a cultura de paz da região", disse Meneses.

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