Brasília - Coube ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a articulação final que desmontou a tentativa de o PSDB nacional, ao lançar o senador tucano Alvaro Dias como vice de José Serra, barrar a candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do Paraná, numa coligação que envolve também o PT e o PMDB.
Lula aproveitou a ríspida reação do DEM à escolha de Alvaro, irmão de Osmar, para o cargo de vice de Serra como forma de fortalecer os argumentos que acabariam por demover o pedetista de ficar ao lado dos tucanos. Por telefone, o presidente lembrou a Osmar, na terça-feira, que há um ano e meio a coligação com os petistas vinha sendo costurada. Por essa causa, Lula cancelou a viagem que faria a Pernambuco na terça, preferindo ficar em Brasília.
No início da tarde de anteontem, quando o presidente percebeu que a reação do DEM à escolha de Alvaro era cada vez mais forte, ele despachou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para Curitiba. Lupi, também presidente do PDT (embora licenciado, é ele quem manda no partido), encontrou-se com Osmar na terça à noite. Logo depois, Osmar anunciou que seria mesmo o candidato no Paraná da aliança pró-Dilma Rousseff, a candidata de Lula à Presidência.
Mesmo assim, Lupi não se desgrudou de Osmar. Continuou conversando com irmão de Alvaro Dias até por volta de 1 hora da madrugada de ontem. Para se prevenir, ele decidiu permanecer em Curitiba durante todo a quarta-feira. Contou a alguns ministros o que estava fazendo. Na conversa com o presidente Lula, disse que estava tudo certo. Mas que o presidente precisava "dar uma mãozinha", indo até o Paraná para conversar com Osmar Dias.
Lula concordou
Como está de viagem marcada para a África a partir de sexta-feira, com retorno no dia 12, o presidente disse que visitará o candidato pedetista assim que retornar do continente africano. Osmar quer a garantia de Lula de que sua aliança não sofrerá ataques por parte de petistas mais radicais, que costumam agredir as coligações com os aliados E de que o presidente o ajudará, pedindo votos para ele ao mesmo tempo que para Dilma Rousseff.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a decisão tomada por Osmar Dias acabou por consolidar de vez a aliança PDT/PMDB/PT no Paraná. Os candidatos ao Senado nessa coligação serão o ex-governador Roberto Requião, do PMDB, e a petista Gleisi Hoffmann.
"Há um ano e meio nós costuramos essa aliança. Isso torna muito forte a chapa do senador Osmar Dias. Para tanto, contamos com a compreensão do governador Orlando Pessuti (PMDB), que abriu mão de sua candidatura para apoiar Osmar Dias", disse Padilha.
Nas conversas com aliados de Lula, Osmar Dias teria contado que seu irmão Alvaro com o qual tem um acordo de não se bater em disputas no estado o avisou de que estava sendo rifado nas conversas entre o candidato José Serra e a cúpula do DEM. E que, por volta das 20h40, teria comunicado a Osmar Dias que não seria mais candidato a vice de Serra, liberando-o para disputar a eleição, agora ao lado da petista Dilma Rousseff.
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