O empresário goiano Carlinhos Cachoeira, suspeito de envolvimento com o jogo do bicho e de uma série de práticas criminosas, se negou a responder às perguntas feitas a ele durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as ligações dele com políticos, na tarde desta terça-feira (22), no Senado Federal.
Logo que tomou a palavra, para um depoimento que poderia durar 20 minutos, Cachoeira afirmou: "Estou aqui como manda a lei, para responder o que for necessário. Constitucionalmente, eu fui advertido pelos advogados para não dizer nada, e não falarei nada aqui. Somente depois da audiência que nós vamos ter no juiz é que, se, por ventura, eu achar que deva contribuir... podem me chamar que eu virei para falar, e responderei a qualquer pergunta".
Mesmo após a fala inicial do empresário, os parlamentares que compõem a CPMI seguiram fazendo questionamentos, aos quais Cachoeira se negava a responder. "Vou usar meu direito constitucional de ficar calado", disse, em uma das ocasiões.
Em outras situações, o empresário adotou tom irônico nas respostas. "Tenho muito a dizer, mas só depois da audiência", falou. Ele também afirmou, diante de outra questão, que se tratava de uma "pergunta muito boa para responder", mas permaneceu em silêncio, em seguida.
Nova convocação
A Comissão deve agendar uma nova sessão para ouvir Carlinhos Cachoeira em junho.
Os parlamentares argumentaram que a sessão desta terça-feira, que durou mais de duas horas, estava servindo apenas de treinamento para Cachoeira e auxiliando a defesa do empresário a colecionar questionamentos da CPI.
"Estamos fazendo um papel ridículo para um cidadão que está nos tratando como idiotas. Está aqui como uma múmia", reclamou irritada a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) durante a sessão.
A nova sessão só deve acontecer após a audiência da Justiça de Goiás que vai colher depoimento de Cachoeira entre os dias 31 de maio e 1º de junho no processo que corre em segredo de Justiça e tem como base as operações Monte Carlo e Vegas, realizadas pela Polícia Federal.
Parlamentares do Paraná
Os cinco paranaenses que integram a CPMI prometeram questioná-lo sobre seus interesses no estado. Interceptações de conversas entre parceiros do bicheiro feitas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo revelaram o desejo do grupo de reativar serviços de loterias estaduais no Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina.
Os dois primeiros a tomar a palavra, os deputados Fernando Francischini (PSDB) e Rubens Bueno (PPS), de fato, questionaram Cachoeira, inclusive sobre questões ligadas ao Paraná, mas, assim como colegas de CMPI, não foram respondidos pelo empresário.
Veja, no infográfico abaixo, que informações dos interesses do bicheiro no Paraná estão presentes no inquérito da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião