Trinta e cinco dias depois de jogar a toalha e deixar o Ministério do Trabalho e Emprego sob uma enxurrada de acusações de irregularidades na pasta, Carlos Lupi reassumirá nesta segunda-feira (9), às 16h, a presidência nacional do PDT. O encontro ocorrerá na Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, no Centro do Rio.
Lupi foi reeleito em convenção no ano passado, mas estava licenciado do cargo desde 2008 por ter assumido o ministério. Seu mandato vai até o próximo ano. De acordo com a coluna do Ancelmo Gois, Lupi deve se candidatar a vereador no Rio este ano.
Um grupo de dissidentes pedetistas, no entanto, promete fazer um protesto contra o retorno formal do ex-ministro ao comando da legenda. A volta de Lupi à Presidência do PDT será durante uma reunião da Executiva do partido. O tema principal vai tratar do planejamento para as eleições municipais de outubro deste ano. Atualmente, o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) é o presidente interino.
"Lupi saiu (do ministério) por achar que seria o melhor caminho. Se ele continuasse, o bombardeio (de acusações) não iria terminar. Ele está bem e quer reconstruir o PDT - afirmou o presidente regional do PDT, José Bonifácio.
A manifestação contra Lupi está sendo organizada pelo Movimento de Resistência Leonel Brizola (MRLB). Em nota, a entidade argumenta que Lupi "perdeu as condições éticas e morais" de presidir o PDT. Ex-deputados da sigla e o deputado estadual Paulo Ramos vão participar do protesto.
"Se Lupi assumir como presidente, vai ser um desastre total. Jogará o PDT no chão. Tudo o que não foi respondido e explicado nas acusações será confundido com o partido", disse o ex-deputado federal Vivaldo Barbosa.
Segundo o Blog do Ancelmo, o PDT já fechou dois nomes para o Ministério do Trabalho, caso a presidente Dilma peça uma indicação ao partido. O diretório nacional vai indicar o deputado Vieira da Cunha e Manoel Dias, atual secretário-geral do partido.
Lupi foi o sexto ministro a cair no primeiro ano do governo Dilma Rousseff por estar envolvido em escândalos. A crise no Ministério do Trabalho teve início em novembro do ano passado, quando O GLOBO e a revista "Veja" publicaram reportagens sobre irregularidades na pasta. Dias depois, Lupi foi acusado de usar, em uma viagem oficial ao Maranhão em 2009, um avião alugado por Adair Meira, presidente de uma ONG suspeita de desviar dinheiro de convênios com o ministério. Além desse avião, Lupi teria usado ainda um Sêneca de um fazendeiro maranhense. O então ministro negou e anunciou que devolveria o valor de três diárias da viagem, quando teve agenda partidária.
Em 1º de dezembro, o jornal "Folha de S.Paulo" mostrou que Lupi acumulou cargos na Câmara de Deputados e na Câmara Municipal do Rio. O ex-ministro já tinha sido acusado de acumular a presidência do PDT com o cargo de ministro. Durante a crise, Lupi deu várias declarações polêmicas e chegou a dizer que duvidava que fosse demitido pela presidente Dilma, afirmando que só deixaria o cargo se fosse "abatido à bala".
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