Ainda falta o aval do prefeito Cesar Maia, mas se depender da vontade dos vereadores do Rio e de pessoas ligadas ao mundo do samba, o carnaval fora de época, aprovado na terça-feira pela Câmara, está garantido.
- Carnaval uma vez só é pouco. A Bahia tem carnaval o ano inteiro, e o baiano não se cansa. O carioca, que é um povo alegre, então... - diz o compositor Noca da Portela.
Mesmo torcendo para que o projeto vire lei, Noca acha difícil que Cesar Maia aprove a medida.
- Eu fico desconfiado. Acho que ele não vai aprovar não. Ele até fugiu no carnaval deste ano - brinca.
Para quem vive da folia, a idéia é ainda mais interessante.
- Para mim é ótimo, é mais trabalho. Depois que acaba o carnaval, a gente fica meio ocioso. Mais trabalho seria bom - explica o mestre Paulão, da União da Ilha.
O presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, também vê com bons olhos a novidade.
- A cidade sai ganhando. Para o turismo é bom, porque cria mais movimento.
O pesquisador de carnaval Felipe Ferreira ressalta que a festa não se resume ao desfiles do Grupo Especial.
- Criar um carnaval fora de época significa, na verdade, criar um evento carnavalesco fora do período do carnaval. Nesse sentido acho que a idéia pode ser interessante, desde que não se procure repetir em julho o desfile que as escolas fazem nos dias de carnaval.
A princípio, o desfile seria menor do que o de fevereiro, sem competição oficial entre as escolas. O pesquisador dá idéias para uma festa diferente da tradicional:
- Talvez com uma fantasia única, como faz o bloco Cacique de Ramos, ou incentivando as alas a criarem suas próprias fantasias. Em lugar de sambas-enredo, por exemplo, as escolas poderiam desfilar cantando sambas de exaltação. O importante é criar um evento que seja diferente do desfile oficial - defende.
Para o diretor da bateria da Ilha, o desfile sem competição seria uma boa oportunidade para as escolas fazerem experiências.
- Vamos poder fazer testes que não são possíveis nos ensaios técnicos, que são realizados sem alegorias.
Mestre Paulão concorda e compara o desfile fora de época ao Desfile das Campeãs.
- Com certeza vai ficar mais bonito. Quando não tem competição, quando você pode fazer tudo o que quiser sem medo de nota baixa, é bem mais bonito. Fica mais solto. Além disso, é bom para manter o pique da bateria.
Já Ferreira acha que, mesmo sem haver um concurso oficial, a competição existirá.
- Haverá uma espécie de competição tácita entre as escolas, como já está acontecendo com relação aos ensaios técnicos. O que é muito saudável, aliás.
Horta acredita que uma segunda data não prejudicaria a festa oficial.
- Seria um desfile menor, preparado entre março e julho. O resto do ano seria dedicado ao desfile competitivo.
O clima é que não chega a agradar a todos.
- É mais frio, mas é uma questão de hábito - diz Horta.
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