Quarto "tuiuiú"
Rodrigo Janot é o quarto "tuiuiú" a tomar posse na Procuradoria-Geral da República (PGR) desde Cláudio Fontelles, em 2003. O nome refere-se a um grupo de oposição a Geraldo Brindeiro, procurador-geral da República durante o governo de Fernando Henrique Cardoso conhecido como "engavetador-geral da república", por arquivar processos polêmicos.
O subprocurador do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, não era exatamente o nome que a presidente Dilma Rousseff queria para ocupar o cargo de procurador-geral da República, agora deixado vago por Roberto Gurgel, seu antecessor. A subprocuradora curitibana Ela Wiecko e a carioca Deborah Duprat atendiam ao desejo manifesto da presidente de ter uma mulher à frente do órgão.
Só que as duas mulheres da lista tríplice tradicionalmente formulada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) não tiveram a votação expressiva do jurista mineiro de 56 anos.
Ao fim, 511 votos 54 a mais do que o segundo lugar elegeram Janot como o mais indicado para o cargo, e muito embora o procurador-geral da República seja de livre nomeação da presidência, Dilma optou por seguir a tradição e acatar o escrutínio da ANPR.
Não se trata, contudo, de uma escolha arbitrária. Janot, já cogitado na lista tríplice anterior, é considerado o mais pragmático dos três nomes apontados, além de ser o que desfruta de mais prestígio na classe política. Sua carreira é considerada "brilhante" pela presidente.
Ele ingressou no Ministério Público Federal em 1984 e atuou como Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça durante o governo Itamar Franco e, tal qual Gurgel, foi presidente da ANPR entre 1995 e 1997. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Janot tem uma postura considerada mais técnica por seus colegas, e defendeu em sua campanha uma descentralização do cargo, via núcleos de atuação em tribunais superiores. Também goza de bom trânsito entre partidos da oposição e da situação, mas talvez seja o candidato da lista mais próximo do PT.
Ainda assim, a proximidade não deve ser vista como conivência. "O cargo é de potencial confrontação. O procurador-geral é o primeiro promotor da República. Ninguém pode esperar um procurador-geral afável, domesticável, dócil", avaliou o presidente da ANPR, Alexandre Camanho. Ele aponta uma sensibilidade política como qualidade congênita do novo procurador, que ainda será sabatinado no Senado antes de ser conduzido ao cargo.
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