O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse nesta terça-feira não ter dúvidas de que o senador Magno Malta (PL-ES) quebrou o decoro parlamentar ao usar por mais de um ano um carro que teria sido comprado pela máfia dos sanguessugas. O uso do veículo, uma Fiat Ducato, foi admitido pela próprio senador em reportagem do jornal "O Globo" desta terça-feira.
- Se confirmada a reportagem, fechou-se a cadeia dos elementos suficientes para incluí-lo no relatório. Eu não entendo que alguém utilize um carro por empréstimo de qualquer empresa, quanto mais da Planam, que é uma quadrilha. Não há justificativa - disse o deputado.
Segundo o empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de ser um dos chefes da máfia das ambulâncias, o carro foi dado ao senador como pagamento de propina. O senador alegou, no entanto, inocência e disse que o Fiat Ducato preto KAM-4467 não foi um presente da quadrilha, mas um empréstimo do deputado Lino Rossi (PP-MT), também acusado por Vedoin de envolvimento com a quadrilha.
- Devo ter usado o carro por um ano e pouco, mas há um ano e dois meses, mais ou menos, devolvi. Entrei nessa coisa de gaiato. Não conheço essa corja - disse Malta ao 'Globo'.
Biscaia afirmou ainda que a partir desta quarta-feira serão notificados mais 34 parlamentaers, o que elevaria para 91 os investigados oficialmente pela CPI.
Até agora, a CPI notificou apenas os 57 parlamentares que estão sendo investigados pelo Ministério Público e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
- Esses novos denunciados não estão sendo investigados. Por isso, a notificação é necessária até para que eles possam se defender em algum fórum e comecem a ser investigados. É importante que a sociedade saiba que a CPI vai até o fim - ressaltou o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que na segunda disse já ter provas suficientes para confirmar a participação de cerca de 80% dos 112 parlamentares acusados de envolvimento no esquema. Segundo ele, as provas incluem gravações telefônicas e cópias de depósitos bancários, entre outros documentos.
- As dúvidas são quanto aos que receberam em dinheiro vivo, por exemplo, por ser fato de difícil comprovação - afirmou.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse nesta terça-feira que o relator da CPI dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), está equivocado ao não divulgar o mais breve possível o relatório da comissão. Gabeira e pelo menos quatro parlamentares da CPI defendem que o documento seja concluído já na próxima semana, para que haja tempo hábil ainda este ano de se iniciar os processos de cassação no Conselho de Ética.
- Acho que o relator tem medo de cometer alguma injustiça, mas os fatos estão colocados. O tempo não vai ajudá-lo a apurar mais coisas. Se ele estivesse investigando, eu compreenderia. Ele, pura e simplesmente, não se move e diz que é preciso tempo para separar o trigo do joio. Esse é um argumento falacioso - disse.
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