A presidente afastada Dilma Rousseff divulgou na tarde desta terça-feira (16) uma carta intitulada “Mensagem ao Senado e ao povo brasileiro” qualificando o processo de impeachment, que corre contra si, de “golpe de Estado” e propondo a realização de plebiscito sobre a convocação de eleições presidenciais antecipadas, e também sobre uma reforma política.
O uso do termo “golpe” para qualificar o impeachment foi alvo de discussões de Dilma com seus aliados no Senado. A avaliação passou pelo fato de a expressão poder melindrar parlamentares e ter um efeito contrário ao pretendido, que é de conquistar mais votos contra o seu afastamento definitivo. Após sinalizar que poderia retirar a menção do documento, a presidente afastada voltou atrás e deu indícios de que o incluiria.
A “novela” sobre a carta evidenciou um racha interno do PT, principalmente sobre o papel do partido no pós-impeachment. Até a proposta de plebiscito para eleições é alvo de discórdia, pois o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que não haveria tempo hábil para organizar a consulta e que, mesmo se a proposta fosse aprovada, o novo pleito seria realizado em 2018, que é o ano das próximas eleições presidenciais.
O texto lido por Dilma no Palácio do Alvorada - e que será encaminhado aos senadores - aponta um dos últimos posicionamentos dela antes do julgamento final do processo de impeachment, que começa no dia 25 de agosto.
Na carta, Dilma aborda a crise política e defende que a população decida sobre a realização de um novo pleito presidencial. “A restauração plena da democracia requer que a população decida qual o melhor caminho para melhorar a governabilidade”, disse, ao ler o documento, direcionado à nação e aos senadores, durante pronunciamento no Palácio da Alvorada. A presidente afastada apenas leu o documento e não respondeu perguntas.
No documento, Dilma reafirma que não cometeu crime de responsabilidade. Dilma diz que caso o Senado decida pelo afastamento definitivo dela da Presidência da República haverá “ruptura da ordem democrática baseada em um impeachment sem crime de responsabilidade”.
Dilma também reconhece erros cometidos durante seu governo e acena com mudanças na política econômica caso retorne à presidência A presidenta disse ainda que o processo é injusto, pois foi “desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente.”
Dilma disse ainda que apoia a luta contra a corrupção e que ela é “inegociável”.
“Não tenho contas secretas no exterior, nunca desviei um único centavo do patrimônio público e não recebi propina de ninguém”, disse Dilma ao ler a carta, em referência ao deputado afastado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está próximo de ter sua cassação votada no Plenário da Casa.
Assista à leitura da carta no Palácio do Alvorada
Julgamento do impeachment começa dia 25
Na semana passada, 59 senadores votaram pela aceitação do parecer que dá continuidade ao processo. Com isso, o julgamento de Dilma por crime de responsabilidade terá início no próximo dia 25, uma quinta-feira. Para barrar o impeachment, Dilma precisa do voto de, no mínimo, 28 do 81 senadores. A presidenta afastada não informou se irá ao Senado para apresentar pessoalmente sua defesa.
Acompanharam Dilma na entrevista os ex-ministros Eleonora Menicucci (Secretaria Especial de Políticas para Mulheres), Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Aloizio Mercadante (Educação).
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode
Deixe sua opinião