O pote
O pote é a prefeitura de Curitiba. Estão em jogo um salário de R$ 26,5 mil + orçamento R$ 5 bilhões + Copa do Mundo 2014.
Falta pouco mais de um ano para as eleições municipais, mas a disputa pela prefeitura de Curitiba já domina a cena política local. Se fosse uma partida de pôquer, no momento estaríamos na primeira mão, no qual os jogadores se estudam e mostram (ou escamoteiam) suas estratégias de jogo. Cinco pré-candidaturas estão postas. As apostas oficiais, porém, só saem no ano que vem, depois das convenções dos partidos. Neste ínterim pré-campanha, costuram-se alianças nos bastidores e os jogadores se movimentam com o que têm.
Para alguns, o jogo começou. É o caso do prefeito Luciano Ducci (PSB) que cumpre intenso calendário de inaugurações na prefeitura até o ano que vem. Visibilidade que lhe dá favoritismo antes do flop, a hora em que as cartas viram na mesa.
Seu principal oponente, o ex-deputado federal Gustavo Fruet, ainda corre atrás de legenda para cacifar os mais de 300 mil votos na capital na eleição ao Senado em 2010.
Também estão na mesa "as casadas" do deputado federal Ratinho Jr (PSC), do ex-prefeito Rafael Greca (PMDB) e do deputado federal Ângelo Vanhoni (PT). O último depende de decisões do PT: candidatura própria e "fumaça branca" em disputa interna que inclui o colega de bancada, Dr. Rosinha e o deputado estadual Tadeu Veneri. Até segunda ordem de Brasília, Vanhoni vai à frente dos demais.
A vereadora Renata Bueno (PPS) e o deputado Ney Leprevost (PSD) já deram sinais que estão a fim de ação. Para entrar no jogo em andamento, contudo, se exigem "casadas" mais altas.
Especialistas em ciência política (e em pôquer) projetaram o atual cenário de disputa e o perfil de cada um dos jogadores. A análise antevê disputa sangrenta: apostas pesadas, blefes e conluios. A expectativa é que a partida vá até a "mesa final": o segundo turno.
O pote prêmio em jogo é o mais cobiçado posto da política paroquial, nas mãos do mesmo grupo político há 22 anos. De lá pra cá, o prefeito ou se reelege ou faz o sucessor. E costuma ser imbatível candidato ao governo estadual.
Quem limpar a mesa fica com o maior salário entre os prefeitos do país e administra um orçamento de cerca de R$ 5 bilhões ao ano, vitaminado pelos investimentos do PAC que vão preparar a cidade para receber a Copa do Mundo em 2014. Sem falar o privilégio (e a visibilidade) de ser o anfitrião do evento. Com isso, a corrida à prefeitura mexe com a agenda política dos governos federal e estadual. "Esta eleição será a mais disputada há muitos anos. E deve ser polarizada entre o prefeito Luciano Ducci e o ex-deputado Gustavo Fruet", avalia Ricardo Oliveira, professor de Ciência Política da UFPR.
Se nesta mesa política valerem os mesmos princípios do pôquer, os candidatos precisam ter em mente duas coisas: vencedores jogam menos mãos que os perdedores, mas fazem apostas maiores quando estão na disputa. E vencer significa cometer menos erros do que seus oponentes.
Fontes: Luciana Veiga e Ricardo Costa Oliveira, professores da UFPR; Confederação Brasileira de Poker Texas Holdem e Manual de Poker online Pokerstars.
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