A Polícia Federal indiciou criminalmente o engenheiro Arthur Gomes Teixeira, controlador da Procint Projetos e Consultoria Internacional e apontado como lobista do cartel dos trens - organização que se teria infiltrado no setor metroferroviário dos governos do PSDB Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, entre 1998 e 2008.
O indiciamento ocorreu segunda-feira, em audiência tensa. A PF enquadrou Teixeira por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime financeiro.
Foi sugerido a Teixeira que colaborasse com a investigação. Mas ele não aceitou. Indignado, alegou não ter nenhum envolvimento com o cartel, nem com repasse de propinas.
A PF está convencida de que, por meio da Procint, Teixeira realizou pagamento de propinas a agentes públicos e a políticos. Dossiê enviado pelo Ministério Público da Suíça, juntado ao inquérito da PF, indica que o ex-diretor de operações da CPTM, João Roberto Zaniboni, recebeu US$ 836 mil na conta Milmar, de sua titularidade, no Credit Suisse de Zurique.
Parte desse valor - US$ 103,5 mil - teria sido repassada em 2 de maio de 2000 por Teixeira, pela conta Rockhouse. Outros US$ 113 3 mil caíram na conta de Zaniboni, enviados por Sérgio Meira Teixeira, amigo de Arthur. Dono da Constech Consultoria, Sérgio morreu em 2011. Ele e Arthur mantinham sociedade informal, empregando mais de 20 profissionais, a maior parte engenheiros.
A propina teria sido paga a Zaniboni em troca da contratação do cartel, beneficiado também com aditamentos autorizados pelo ex-executivo da CPTM. Esses aditamentos elevaram em R$ 11,4 milhões, em valor da época (outubro e dezembro de 2002), o custo contratual.
A Suíça condenou Zaniboni por lavagem de dinheiro e aplicou multa contra ele. Os procuradores de Genebra informaram que "ainda está em aberto a investigação criminal contra Arthur Teixeira". Eles pediram "com veemência" interrogatório do consultor.
Teixeira nega o papel de pagador de propinas. Graduado pela Escola Politécnica da USP em 1959, aos 78 anos, ele ostenta extenso currículo profissional dedicado a grandes empresas do setor ferroviário. Seu advogado, o criminalista Eduardo Carnelós é taxativo. "Ele (Teixeira) nunca esteve envolvido com corrupção, jamais se prestaria a uma atitudes dessas."
Carnelós ressalta que "a partir da ampla experiência acumulada no setor ferroviário, o sr. Arthur deu início à organização de um setor de coordenação de consórcios". "Aos que, por má-fé ou ignorância, confundem a formação de consórcio com cartel, deve-se esclarecer que as duas práticas não se equivalem. Consórcio tem por objetivo reunir tecnologias e otimizar os recursos e a capacidade de várias empresas para a prestação de um serviço melhor e em menor tempo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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