Material pedagógico distribuído em escolas públicas do Rio destaca o desempenho eleitoral do prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), na elaboração de exercícios para alunos. O conteúdo da cartilha provocou protestos de pedagogos e professores da rede municipal.
Caderno de matemática entregue esta semana a estudantes do 6º ano, todos na faixa dos 11 aos 13 anos, propõe uma série de problemas tendo as eleições municipais como tema. Na página 22, o nome de Paes e dos adversários são apresentados juntos a um gráfico com o resultado da disputa. Ao lado, a pergunta: "o prefeito eleito da cidade do Rio de Janeiro é...".
A cartilha ainda apresenta dois textos que nada tem a ver com o ensino da matemática. No primeiro, uma adaptação do principal lema de campanha do peemedebista. "O prefeito, para administrar a cidade, conta com o apoio da Câmara Municipal e de outras esferas governamentais, ou seja, dos governos estadual e federal".
Paes teve o apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB) e da presidente Dilma Rousseff para se reeleger. Os profissionais de marketing de sua campanha sempre destacaram que essa parceira era a sua mais importante bandeira.
O outro texto publicado na apostila informa aos alunos as atividades do prefeito. Não se esclarece que aqueles pontos são obrigações. "O prefeito administra a cidade, elabora e executa políticas públicas para saúde, educação, habitação, segurança e outros fatores que contribuem para o bem estar da população".
Em outro gráfico, também na página 23, a apostila faz referência aos dez vereadores que receberam mais votos na eleição de outubro. Entre os citados no material, apenas um é de oposição.
Na opinião do pedagogo Zacarias Gama, coordenador de núcleo de gestão e avaliação do Departamento de Educação da Uerj, o material "é uma ingerência política na ação pedagógica das escolas." Segundo Gama, a cartilha é um "meio de direcionar, influenciar e educar os estudantes. Ideologicamente visa construir um determinado consenso em favor do nome do prefeito", completou.
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio informou que vai denunciar o caso ao Ministério Público por "utilização dos materiais metodológicos como propaganda eleitoral." Segundo a diretora da entidade Wiria Alcântara, "o material demonstra uma visão utilitarista da educação, com elementos que interessam só quem está no governo."
Para a subsecretária municipal de Ensino, Helena Bomeny, o caderno pedagógico deveria ser elogiado por abordar "questões transdisciplinares". "Os alunos acompanharam o processo eleitoral. Então, é muito mais estimulante o aluno fazer um exercício de matemática tendo o nome de pessoas que ele leu durante o ano do que candidato A ou B. É mais instigante. Mas não há nome do partido. Não queríamos partidarizar", disse a subsecretária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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