Um membro do governo italiano acusou o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e sua esposa, a franco-italiana Carla Bruni, de terem pressionado o Brasil a conceder o status de refugiado político ao ex-militante de extrema esquerda Cesare Battisti. Neste domingo (25) mesmo, em entrevista à RAI, Carla Bruni chamou a acusação de "calúnia" e negou qualquer tipo de envolvimento no caso e com Battisti, condenado a prisão perpétua na Itália.

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"Não tive nenhum papel, absolutamente não, e estou muito surpresa com o modo como este boato cresceu. Jamais defendi Battisti e estou contente de poder responder a esta pergunta e poder dizer isso também aos familiares das vítimas", disse a primeira-dama, em programa difundido hoje na emissora de TV italiana.

No sábado, o subsecretário de Relações Exteriores da Itália, Alfredo Mantica, acusou o casal presidencial francês de estar envolvido no caso. "Já está claro que as pressões sobre Lula no caso Battisti foram feitas por Sarkozy", afirmou, citando ainda a suposta participação de Carla Bruni no episódio.

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Os primeiros rumores do envolvimento de Sarkozy surgiram com declarações do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ao jornal italiano "Corriere della Sera". Suplicy disse que Sarkozy e Carla Bruni pediram a intervenção de Lula no caso. Segundo o senador, Bruni é amiga da escritora francesa Fred Vargas, que fez campanha para evitar a prisão de Battisti.

Carla Bruni, em entrevista, disse acreditar que os boatos tenham surgido por causa de sua viagem ao Brasil em dezembro. "Não vejo como alguém possa pensar que a mulher de um presidente possa falar destas coisas com o presidente de um outro Estado", afirmou Bruni à RAI.

Advogado de Battisti, Eric Turcon, foi além. "O presidente aceitou organizar um encontro com o secretário Nacional de Justiça brasileiro, Romeu Tuma Jr. Graças ao encontro o refúgio político foi obtido no Brasil", disse ele à agência ANSA.

Em relação ao Brasil, Mantica disse que o caso abre uma "fratura grande" entre os dois países. Para ele, a carta de Lula explicando o ato em relação a Battisti é "ainda mais ofensiva ao povo italiano".

O subsecretário reservou as maiores críticas à primeira-dama francesa. "Ela diz se sentir orgulhosa de não ser mais italiana, nós respondemos que estamos orgulhosos de que ela não seja mais italiana, e que a França tenha acolhido uma senhora como ela", criticou. Carla Bruni havia declarado que não se sentia italiana ao ver o comportamento do governo de Silvio Berlusconi.

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Vítimas protestam - As famílias das vítimas do terrorismo na Itália protestam contra a carta enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo italiano justificando a decisão do Brasil de dar status de refugiado político ao extremista Cesare Battisti. Para as famílias, a decisão e a carta são "verdadeiros insultos ao povo italiano e às vítimas do terrorismo".

O grupo está ainda organizando uma reação popular contra a decisão do Brasil e pede para cada italiano enviar cartas ao governo e a embaixada do País em Roma.

"O que estamos vendo é um comportamento vergonhoso do Brasil em relação a esse assunto", afirmou ao Estado o vice-presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Terrorismo na Itália, Roberto Della Rocca.

"Será que o Brasil sabe exatamente o que está fazendo e quem são essas pessoas? Battisti é um homicida, mas nem por isso seria torturado nas cadeias italianas se voltasse ao país", disse Della Rocca.

Ele ainda faz uma ironia. "Para as famílias das vítimas, não queremos nada mais que ver Battisti em uma cela comum no Brasil. Isso bastaria e já seria já sua punição pelo que fez", disse, se referindo às condições das cadeias brasileiras.

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