Densidade eleitoral
Longe de ser popular, Temer teria problemas para disputar o Planalto
A proposta de lançar candidato próprio à Presidência em 2018 esbarra na falta de peemedebistas dispostos a concorrer. Na convenção de 2010, apenas o jornalista Antonio Pedreira e o senador Roberto Requião se apresentaram como interessados. Em 2014, a tendência é que nenhum azarão tente impedir a reedição da chapa Dilma/Temer. Uma das possíveis alternativas para 2018, Temer passa longe de ser um campeão de votos. Antes de chegar à Vice-Presidência, o peemedebista exerceu sete mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados. Na última eleição, em 2006, só figurou entre os 70 eleitos por São Paulo graças à legenda. Ou seja, não teria conseguido se eleger apenas com 99.046 votos que conquistou. No ranking geral, foi o 54º mais votado no estado. Recordista daquele ano, Paulo Maluf (PP) fez 739.827 votos.
1994 foi o último ano em que o PMDB lançou um candidato à Presidência: Orestes Quércia, que teve apenas 4,32% dos votos.
Três anos e meio de atritos no Congresso e brigas por cargos na Esplanada parecem insuficientes para separar a chapa presidencial PT-PMDB. Às vésperas das convenções partidárias, a reedição da aliança de 2010, com Dilma Rousseff e Michel Temer, é dada como certa. Desta vez, porém, os peemedebistas querem renovar o casamento com data marcada para o divórcio. Em entrevista à Gazeta do Povo, publicada na última quinta-feira, Temer confirmou que a legenda trabalha para disputar a Presidência em 2018.
Plano do PMDB para lançar candidato a presidente em 2018 inclui retomada da hegemonia nos estados
"Estamos nos preparando para lançar um candidato com reais chances [em 2018]", disse Temer à Gazeta. Mesmo sem contar com um nome competitivo para o momento, a missão é preparar terreno à base do fortalecimento regional.
Estratégia
O primeiro passo é lançar o maior número possível de peemedebistas nas eleições deste ano para os governos estaduais. Atualmente, o partido trabalha com 20 pré-candidaturas. "Se elas se confirmarem, será o maior número desde 1986", diz Rodrigo Rocha Loures, chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência da República e único paranaense na Executiva Nacional do PMDB.
Entre os peemedebistas, 1986 é sempre lembrado como um "ano mágico". No segundo pleito direto após a redemocratização, a sigla ganhou em 22 de 23 estados. O resultado, por outro lado, abriu caminho para o enraizamento de oligarquias regionais, que enfraqueceram a unidade nacional da legenda.
Depois dos fiascos com Ulysses Guimarães (sétimo colocado com 4,43% dos votos da eleição presidencial de 1989), e Orestes Quércia (quarto, com 4,32% na disputa de 1994), o PMDB nunca mais lançou candidato ao Palácio do Planalto. Mesmo indicando o vice, perdeu com Rita Camata, companheira de chapa de José Serra (PSDB), em 2002. Em 2010, a vitória veio como satélite do PT.
Para Temer, o plano de reconquistar espaço regional e preparar terreno para 2018 não significa um distanciamento dos petistas, "mas a afirmação de um projeto próprio para o país". "Um deputado norte-americano chamado Tip ONeill disse certa vez que toda política é local. É a mais pura verdade. E o PMDB cuida bem de suas bases. Tem projeto próprio de poder", declarou à Gazeta do Povo.
Em linhas gerais, a proposta consiste em embarcar nas demandas apresentadas pela população durante os protestos de junho de 2013. "Vivemos a era da democracia da eficiência e, um partido com tanta história como o PMDB, tem condições de assumir essa responsabilidade", aponta Rocha Loures.
Sobrenomes
Os ares de novidade, contudo, acabam quando se percebem os sobrenomes dos principais pré-candidatos nos estados. Em Alagoas e no Pará, os escolhidos pelo partido são Renan Filho e Helder Barbalho, filhos dos senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho. Na Paraíba, quem concorre é Veneziano Vital do Rêgo, irmão do senador Vital do Rêgo Filho. No Maranhão, a candidatura coube a Edison Lobão Filho, filho do ex-governador e atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
"Se a estratégia para tentar lançar candidato a presidente em 2018 vai dar certo, só as urnas de 2014 vão dizer", diz o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília. "O certo é que essa história de passar o tempo inteiro brigando e depois se acertar na hora da eleição não é um problema só entre PMDB e PT. Todos os partidos mantêm essa toada no Brasil."
Só no Paraná o PMDB cogita se aliar aos tucanos
Dos 19 pré-candidatos do PMDB a governador, o senador Roberto Requião é o que enfrenta mais resistência para conseguir se viabilizar. O partido está rachado no Paraná entre apoiadores de Requião e defensores de uma coligação com o PSDB de Beto Richa. Em nenhum dos demais estados é negociada a possibilidade de a legenda aceitar ser vice dos tucanos.
Das oito unidades da federação em que está definido que o PMDB não terá candidato próprio, a sigla indicará o vice de uma coligação encabeçada pelo PT em duas: Distrito Federal e Minas Gerais. Em três, não terá candidato a governador nem a vice Amapá, Acre e Bahia. Em Roraima e Pernambuco, indicará vices em chapas com o PSB do presidenciável Eduardo Campos e, em Santa Catarina, do PSD.
Na quinta-feira passada, durante passagem por Curitiba, o vice-presidente Michel Temer indicou que a executiva nacional do PMDB não vai intervir no diretório paranaense caso a opção seja pela coligação com o PSDB. O presidente estadual do PMDB, deputado federal Osmar Serraglio, ressalta que não há brecha legal para uma intervenção. "Só seria possível se houvesse uma diretriz nacional proibindo a coligação com o partido, o que nunca aconteceu e nem tem mais prazo para acontecer", diz Serraglio.
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