O caseiro Rogério Pires, preso por suspeita de envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malhães, negou ontem ter confessado à polícia sua participação no crime. Ele foi ouvido por integrantes da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, na Delegacia Antissequestro do Rio, onde está preso.
Em depoimento à Comissão da Verdade de Rio, o coronel confessou ter torturado e matado presos políticos durante a ditadura militar (1964-1985). O coronel tinha 77 anos e foi encontrado morto no dia 25 de abril, em seu sítio, em Nova Iguaçu (RJ), um mês depois de depor.
Segundo a Polícia Civil do Rio, Pires confessou no dia 29 que o objetivo era roubar as armas do militar. Seus dois irmãos e um homem ainda não identificado teriam participado da ação.
Nova versão
Ontem, Pires disse aos senadores que, no dia do crime, foi rendido e ficou amarrado em um cômodo do sítio ao lado da mulher de Malhães, Cristina Batista Malhães, das 13 horas às 22 horas. O coronel teria sido amarrado em outro cômodo. Foram levadas armas, joias e dinheiro. Os senadores pedirão a quebra do sigilo telefônico da casa de Malhães, pois os invasores teriam usado o telefone fixo para se comunicar. Pires disse ainda que prestou depoimento à polícia sem a presença de um advogado.
Responsável pelo caso, o delegado Pedro Henrique Medina, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, disse que Pires confessou participação no caso em três depoimentos. "Temos vasto material sobre a suspeita e é inegável o envolvimento do caseiro no crime", afirmou. Medina disse ainda que durante o inquérito "foram obedecidas todas as normativas do código de processo penal". O laudo do Instituto Médico Legal que vai determinar a causa da morte de Malhães só deverá ficar pronto no 15 deste mês.
A presidente da CDH, senadora Ana Rita (PT-ES), informou que a Comissão da Verdade do Rio enviará ofício para que a Defensoria Pública do estado assuma o caso. A suspeita é de que Malhães tenha sido morto em uma ação de "queima de arquivo".
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