O cheque a que o empresário Wilson Vieira se refere nos depoimentos, em que fala sobre o suposto pagamento de propina ao ex-deputado federal Leo Vivas (leia mais na reportagem acima), apareceu durante a Operação Antissepsia. As investigações foram deflagradas em maio, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MP), para investigar denúncias de irregularidades na relação entre agentes públicos e representantes do Instituto Atlântico e do Instituto Gálatas, ONGs contratadas pela prefeitura de Londrina em dezembro do ano passado para atuar na saúde pública da cidade.
As duas ONGs sucederam o Ciap, outra entidade não governamental investigada pelo Ministério Público Federal por fraudes. Só o Gálatas é acusado de desviar R$ 600 mil de verba público por meio de notas falsas.
Cheque
A história do cheque de R$ 40 mil envolve uma reunião que surgiu primeiro num depoimento do presidente do Atlântico, Bruno Valverde, depois confirmada por Wilson Vieira. Os dois foram submetidos a uma acareação, durante as investigações realizadas pelo Gaeco.
No relato, Valverde conta que foi convidado para uma reunião da qual participaram, dentre outros, o ex-chefe de gabinete do prefeito (Fábio Góes, que acumulava a Secretaria do Planejamento), o publicitário Ruy Nogueira, e a primeira-dama municipal, Ana Laura Lino. O presidente do Instituto Atlântico conta que foi chamado para essa reunião, ocorrida no gabinete de Góes na prefeitura, por Nogueira, que teria ajudado a assinar com a prefeitura de Londrina. Valverde afirmou ainda que, sobre a mesa da sala, estavam alguns cheques da empresa de Wilson Vieira. Segundo o depoimento, Ana Laura pediu a ele que conseguisse R$ 20 mil para trocar um dos cheques.
Essa reunião, segundo o depoimento, aconteceu dias antes da assinatura do contrato da prefeitura de Londrina com o Atlântico. No depoimento, Valverde afirmou que seus interlocutores não "esclareceram exatamente o motivo e a destinação" do dinheiro e que "Ana Laura assumiu uma posição impositiva, determinando que [Valverde] conseguisse imediatamente os R$ 20 mil" e que o dinheiro deveria ser entregue a Wilson Vieira o homem que é acusado de pagar a propina aos ex-deputados do Rio.
Valverde disse ainda que pegou um cheque de R$ 40 mil de Vieira e recebeu dele a orientação de descontá-lo dali a uma semana, dando a ele mais R$ 20 mil.
Em outro trecho que fala sobre a reunião dos cheques, Valverde afirma que "Ana Laura, Nogueira e os demais presentes deram a entender que aquele dinheiro estava sendo exigido porque o Instituto Atlântico estava em vias de ser contratado pela prefeitura para prestar serviços na área da saúde" e que, por aqueles dias, "Nogueira e Ana Laura estavam com intensas tratativas a respeito da contratação do Atlântico".
A reunião dos cheques, segundo Valverde, aconteceu às 13h30. Três horas depois, ele levantou a quantia e entregou a Vieira, que estava num carro, junto com Góes, nos fundos da prefeitura. Quando depositado, o cheque da empresa de Vieira voltou por falta de fundos. Ao cobrar a quantia, Valverde ouviu do interlocutor que esses R$ 20 mil ficariam "por conta do contrato do Atlântico com a prefeitura".
Férias
Góis entrou em férias no dia 6 de junho, no dia em que o MP apresentou as denúncias da Operação Antissepsia. Voltou em 25 de junho e, dias depois, deixou a Secretaria de Planejamento. Ele foi denunciado na ação civil pública na qual o MP pediu o afastamento do prefeito Barbosa Neto o que foi negado pelo Judiciário.
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