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Cachoeira: "sócio" de Wilder Morais, suplente de Demóstenes. | Jamil Bittar/Reuters
Carlinhos Cachoeira: "sócio" de Wilder Morais, suplente de Demóstenes.| Foto: Jamil Bittar/Reuters

Diante da possibilidade de silêncio do empresário Carlinhos Cachoeira no depoimento de terça-feira (15) à CPI que investiga sua relação com o poder público e a empreiteira Delta, alguns parlamentares já trabalham para reconvocá-lo.

A defesa do empresário, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais, afirmou que ele ficará calado, uma vez que não teve tempo suficiente para analisar as acusações.

O presidente da CPI mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), permitiu na semana passada à defesa de Cachoeira acesso aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que foram enviados à comissão, e também deixou que os advogados assistissem o depoimento secreto do delegado Matheus Mella Rodrigues, que comandou parte das investigações.

O esforço foi feito justamente para tentar evitar que Cachoeira alegue que não teve acesso à ampla defesa.

O líder dos tucanos no Senado, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), acredita que Cachoeira se manterá calado durante o depoimento. "Teremos que convocá-lo novamente", disse nesta segunda-feira.

Para o senador, essa estratégia do silêncio pode se virar contra o empresário. "Quando mais vezes ele se mantiver calado é pior para ele. Porque se ele falar pode culpar alguém e se continuar calado pode aumentar sua culpa", disse Dias.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) concorda com a avaliação do colega, mas teme que o empresário nem compareça à sessão da CPI. "Será que ele vem?", indagou Taques.

A defesa de Cachoeira apresentou um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele não deponha na terça à CPI.

O ministro do STF Celso de Mello, que recebeu o pedido do empresário, pretende concluir a análise ainda nesta segunda-feira, segundo informou um membro do seu gabinete à Reuters.

Caso não consiga adiar o depoimento, Cachoeira é obrigado a comparecer à CPI. "Aí se manterá calado", disse à Reuters seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, que já foi ministro da Justiça no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Questionado sobre quanto tempo seu cliente precisa para analisar as acusações, Bastos não quis prever uma data. "Temos que ter um tempo razoável. Tem muito material para ser analisado", afirmou o advogado.

Chave

O depoimento de Cachoeira é considerado chave pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que tem focado suas atenções no funcionamento da organização criminosa montada pelo empresário para operar máquinas caça-níqueis ilegalmente e na relação que Cachoeira mantinha com a construtora Delta.

O empresário está preso desde fevereiro acusado de chefiar uma quadrilha que explorava jogos ilegais, mas o caso ganhou notoriedade depois que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO, atualmente sem partido), que pautava seu mandato combatendo atos de corrupção, foi flagrado pela PF em estreita relação com Cachoeira.

Demóstenes sofre processo disciplinar por quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado e pode ter o mandato cassado.

Para a Polícia Federal, segundo relato de membros da CPI, Cachoeira seria sócio oculto da construtora Delta e usava a empresa para lavar dinheiro proveniente da organização criminosa e se infiltrar em governos estaduais, vencendo licitações de forma fraudulenta.

Segundo a PF, a quadrilha de Cachoeira tinha fortes ramificações no governo de Goiás e já começava a se infiltrar na administração do Distrito Federal.

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