No dia em que o plenário do Senado decide o destino político do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores travam mais uma batalha pelo sigilo da sessão. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que concedeu a 13 deputados o direito de assistir ao julgamento, provocou polêmica e pode adiar a sessão - inicialmente prevista para as 11h - para a parte da tarde.

CARREGANDO :)

O vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), estuda entrar ainda hoje com um recurso contra a resolução do Supremo, que ameaça o caráter secreto da sessão. A decisão, despachada na madrugada desta quarta-feira, fará com que o julgamento não seja presenciado apenas por senadores, como determina o regimento interno da Casa.

Porém, o caráter sigiloso da sessão - sem imprensa e com os senadores proibidos de usar laptops - já estava ameaçado. De acordo com o Blog do Noblat , o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) garantiu que usará seu celular para repassar informações.

Publicidade

- Ficarei com meu celular ligado. E repassarei informações para quem me ligar - disse Cristovam.

O vazamento de informações poderia caracterizar quebra de decoro parlamentar, passível até de perda de mandato. O uso de celulares não foi vetado, mas seu uso será restrito, para que informações não vazem e os detalhes da sessão, fotografados ou filmados.

A sessão está rodeada de cuidados para que não haja vazamento de informações. Os microfones serão desligados. Os senadores também não serão impedidos de deixar a reunião e depois retornar, mas serão orientados a permanecer do início ao fim para evitar insinuações. Na noite desta terça-feira, foi realizada uma varredura no plenário para tentar descobrir escutas ambientais. Nada foi encontrado. Até o início da sessão, o plenário ficará trancado, vigiado por um batalhão de seguranças.

Senadores esperam resultado apertado e traições na votação secreta

Na véspera, o Senado viveu um dia de guerra de nervos, com aliados e opositores anunciando os votos necessários para a vitória. O PSDB fechou questão a favor da cassação e o DEM tentava enquadrar quem quer votar pró-Renan; PT e PMDB liberaram as bancadas.

Publicidade

Para a cassação, são necessários 41 votos. Mas o resultado da sessão fechada é incerto, já que o voto secreto dá margem a traições e mudanças de última hora. Na terça-feira, alguns esperavam um placar apertadíssimo, com a decisão, para um lado ou para outro, saindo com uma diferença de um a dois votos. Outros, inclusive os que defendem a cassação, demonstravam desolação, acreditando que Renan pode ser absolvido com até 46 votos.

Ciente do risco de perder não só o mandato como os direitos políticos por 11 anos, Renan resistia até ontem à sugestão de conselheiros para que surpreendesse o plenário antes da votação, anunciando seu afastamento da presidência do Senado.

Atrás de votos, Renan tira aliado da lua-de-mel

Para salvar o mandato, Renan está recorrendo a todos os aliados possíveis. Um dos procurados por Renan foi o ex-senador amazonense Gilberto Miranda, que interrompeu a lua-de-mel na ilha espanhola de Mallorca para ajudar o amigo. O hoje milionário empresário, que se casou com Carolina Andraus há dez dias, disparou telefonemas para tentar virar votos considerados indefinidos, com o argumento de que Renan poderia renunciar à presidência para salvar o mandato.

Um dos seus alvos foi o senador capixaba Gerson Camata (PMDB), que promete votar pelo relatório aprovado no Conselho e fotografar o voto com o celular . Camata contou como foi sua conversa com Miranda, que lhe perguntou como seria seu voto.

Publicidade

- Meu voto é a favor da aprovação do relatório, a favor do Senado e do Brasil, porque eu quero andar tranqüilo na rua - teria dito a Miranda, segundo relato do próprio Camata.

Decisão do Senado sobre Renan deve se respeitada, diz Lula

Também na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a decisão do plenário terá de ser respeitada , qualquer que seja ela.

- Qualquer que seja a decisão, ela terá que ser respeitada como decisão soberana de uma instituição chamada Congresso Nacional - disse o presidente.

Publicidade