O novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem pelo menos três desafios imediatos pela frente.
O primeiro tem relação com sua própria vitória, na madrugada desta quinta-feira (14). Maia deve fazer um diagnóstico na base aliada para detectar eventuais rachaduras, já que seu adversário no segundo turno, Rogério Rosso (PSD-DF), também integra a base aliada de Michel Temer.
Embora o discurso do candidato derrotado, Rogério Rosso (PSD-DF), tenha sido em tom apaziguador, a curta campanha eleitoral dos candidatos foi acirrada. Em entrevista à imprensa, Rosso sugeriu, sem citar nomes, que estava sendo alvo de duros ataques dos adversários, que tentavam desconstruir sua candidatura.
Maia e Rosso estão à frente dos dois grupos políticos que têm dado sustentação a Michel Temer. Maia é o representa da antiga oposição – formada por DEM, PSDB e PPS. O grupo de Rosso, o chamado Centrão, é considerado mais heterogêneo e fisiológico. São 13 partidos de médio e pequeno porte, e que receberam atenção especial na “Era Cunha”.
O segundo desafio de Maia é justamente colocar na pauta do plenário o processo de cassação do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mesmo com a resistência do Centrão. Cabe ao presidente da Casa determinar o ritmo do processo, que já se arrastou no Conselho de Ética. Na esteira disso, Maia precisa recuperar a credibilidade da Casa, bastante desgastada por Cunha, réu da Lava Jato. Cunha imprimiu uma gestão fortemente pessoal.
Logo após o anúncio da vitória de Maia, na madrugada desta quinta-feira (14), parlamentares no plenário gritaram “fora Cunha”. “Ajudei a eleger o Eduardo Cunha presidente. No plenário, é possível que ele tenha sido o melhor presidente que já tivemos, mas, talvez, tenha tido poder demais. Não vou protegê-lo nem persegui-lo”, contemporizou Maia, na primeira entrevista que concedeu à imprensa após o resultado da eleição.
O terceiro desafio do novo presidente da Câmara dos Deputados é conseguir votar a série de matérias enviadas pelo Planalto, inclusive medidas impopulares. Se confirmado no cargo de forma definitiva, Michel Temer promete propor as reformas trabalhista e da previdência, que têm resistência entre parte dos políticos, especialmente em ano eleitoral.
Maia e Dilma
Embora no Congresso Nacional o retorno da presidente afastada Dilma Rousseff seja considerado improvável, uma eventual vitória da petista no processo de impeachment trará uma situação complexa: no principal posto da Câmara dos Deputados, estará um adversário histórico do PT, o DEM.
Apesar disso, durante a curta campanha eleitoral à presidência da Casa, Rodrigo Maia chegou a procurar a bancada do PT e, no segundo turno da disputa, admitiu ter tido apoio de integrantes da bancada da minoria para enfrentar o candidato do Centrão. De personalidade conciliadora, Maia prometeu garantir espaço para a minoria.
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