A nomeação do ex-prefeito de Curitiba Cassio Taniguchi (DEM) como secretário do Planejamento do governador Beto Richa (PSDB) foi uma das mais surpreendentes.

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Primeiro, porque os dois haviam se afastado politicamente em 2004, quando Richa era vice-prefeito de Taniguchi. Numa viagem do então prefeito, Richa baixou como prefeito interino a tarifa de ônibus. A decisão desgostou Taniguchi, mas deu popularidade a Richa, que venceu a eleição municipal daquele.

A escolha feita por Richa para o secretariado também causou surpresa porque Taniguchi foi o primeiro político paranaense a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado. Os ministros do STF entenderam que, quando Taniguchi era prefeito de Curitiba, ele empregou dinheiro de um em¬¬¬préstimo do Banco Intera¬me¬¬ricano de Desenvolvimento (BID) destinado a projetos de transporte urbano para pagar precatórios. Além disso, o Supremo condenou o ex-prefeito por ter ordenado despesas não autorizadas por lei.

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Apesar da condenação, ele não teve de cumprir as duas penas de três meses de prisão definidas pelo STF porque o crime estava prescrito. Ontem, Taniguchi falou com a imprensa sobre esses casos e sobre sua nomeação para o governo estadual.

Como foi o episódio de sua condenação no STF?

O julgamento foi uma coisa de momento, atendendo a um clamor popular. Eu fiz economia [com o dinheiro público ao pagar os precatórios] e estava cumprindo uma determinação do Tribunal de Justiça. Consequentemente, fui condenado injustamente no meu ponto de vista, numa situação que, politicamente para o STF, foi importante condenar alguém.

Sua nomeação [para o governo Richa] foi a mais surpreendente e a mais contestada até por causa desse caso...

Para mim, também foi surpreendente. Não tinha absolutamente nenhuma vontade de continuar no setor público. Porém, não pude resistir a um apelo de retomar este processo de planejamento no estado do Paraná, que foi sucateado durante oito anos. Dessa forma, retorno para essa função [secretário de Planejamento, cargo que já havia ocupado no governo de Jaime Lerner]. O governador Beto Richa confia que a gente possa realizar um trabalho importante nesta área e, portanto, vamos para este desafio.

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Quando o senhor deixou a prefeitura, falou-se em rompimento com o Beto Richa. Houve uma reaproximação depois da eleição?

Em política, a gente nunca rompe. Existem desentendimentos e diferenças de filosofias. Nada que pudesse, porém, contestar a amizade que eu tenho pelo Beto desde muitos anos atrás e que também tinha com o pai dele [o ex-governador José Richa, já falecido], a quem respeito muitíssimo. Mas, na campanha para a prefeitura, Richa prometeu mudança, criticando a herança deixada pelo senhor...

Isto é absolutamente normal. Em toda mudança de estrutura administrativa é sempre necessário um ajuste. Existiram erros que foram resolvidos. De toda forma, o Beto Richa, quando foi prefeito, deu continuidade a projetos já delineados e com recursos já contratados [durante a minha gestão] com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. E acho que foi bom para a cidade. Cada administrador precisa pensar não em si próprio, mas no desenvolvimento de sua comunidade.

O ex-governador Requião tem dito no Twitter que o senhor é o representante do lernismo no novo governo. O que o senhor diz sobre isso?

É difícil comentar as palavras do atual senador. Temos de entender que não podemos renegar as origens. O ex-governador Jaime Lerner foi um grande administrador, um inovador. Não é à toa que ele é sempre lembrado como personalidade de influência mundial por revistas internacionais e outros órgãos de comunicação, o que deve dar uma dor de cotovelo tremenda em algumas pessoas. Isto [a declaração de Requião] não merece maiores comentários.

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