Cerca de 200 carros participam neste sábado (12) de uma carreata pela saída de José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) do governo do Distrito Federal. Os carros partiram do Eixo-Monumental, que dá acesso ao Congresso, Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto, para a residência oficial do governador, em Águas Claras.
Os veículos fizeram um "buzinaço" durante o caminho. Ao chegar na residência oficial, os manifestantes, munidos de vassouras, "limparam" a entrada e pediram a renúncia do governador e de políticos supostamente envolvidos no esquema de distribuição de propina.
O objetivo do movimento, formado por estudantes, centrais sindicais e movimentos sociais, é fazer manifestações diariamente contra o governo do DF. Dezoito policiais militares acompanham a carreata sem intervir. Segundo, a assessoria de Arruda, ele está "descansando em casa" e não se encontra na residência oficial.
Um dos carros trouxe um panetone gigante, simbolizando a justificativa do governador de que teria usado o dinheiro recebido pelo então secretário de Relações Intitucionais, Durval Barbosa, para comprar panetones, quando ainda era deputado federal. Arruda foi filmado recebendo maços de dinheiro.
Nesta sexta-feira (11), os manifestantes fizeram um "apitaço" na rodoviária de Brasília e bloquearam três das seis faixas do Eixo-Monumental. Segundo a polícia, a manifestação tinha cerca de 500 pessoas. Com apitos, tambores e roupas de palhaço, os manifestantes levaram bonecos alegóricos representando policiais militares, o vice-governador, Paulo Octávio (DEM) e Arruda. A Polícia Militar também acompanhou a manifestação sem intervir.
"Direito de ir e vir"
Mais cedo na sexta, o governador Arruda disse, em ofício enviado ao secretário de Segurança Pública do DF, Valmir Lemos de Oliveira, que o governo reconhece a legitimidade das manifestações populares, mas ressalta que o "direito dos manifestantes termina onde começa o direito dos cidadãos de ir e vir".
Na quarta-feira (9), manifestantes que pediam a saída de Arruda entraram em confronto com a polícia, que avançou contra eles com a cavalaria, além de usar balas de borracha, cassetetes e gás lacrimogêneo. Três pessoas foram detidas. A PM justificou o uso da força dizendo que os manifestantes invadiram uma das vias de Brasília e que jogaram pedras contra os policiais.
O escândalo do mensalão do DEM de Brasília começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora. Arruda é citado em inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em que é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.