O Senado devolveu simbolicamente nesta quarta-feira (22) o mandato do líder comunista Luis Carlos Prestes, morto em 1990, aos seus familiares. Em cerimônia no plenário da Casa, familiares de Prestes e de seu suplente, Abel Chermont, receberam os diplomas dos senadores -que tiveram os mandatos cassados em 1948, quando o Senado decretou a perda dos mandatos de congressistas eleitos pelo PCB.

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Em abril, o Senado aprovou por unanimidade projeto que devolve formalmente os mandatos, mas a Casa fez a homenagem em memória dos comunistas."Lastimamos a arbitrária decisão da Mesa do Senado que cassou o mandato de Prestes e de seu suplente. Somente agora, após 65 anos, resgatamos o nome de Luiz Carlos Prestes no Senado", disse o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). "Peço publicamente desculpas à família pela atrocidade patrocinada pelo Estado contra um ilustre brasileiro" completou Renan.

Entre os familiares de Prestes que acompanharam a devolução do mandato, estavam a viúva do líder comunista, Maria do Carmo Ribeiro, e seu filho Luis Carlos Prestes Filho.

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O projeto tornou nula a resolução da Mesa do Senado que extinguiu o mandato de Prestes e de Chermont, tomada no dia 9 de janeiro de 1948. Autor do projeto, o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) lembrou que Prestes foi eleito senador em 1945 com a maior votação proporcional da história política da época.

Para ele, o Senado faz "justiça" ao devolver simbolicamente o seu mandato."Embora Luis Carlos Prestes tivesse direito a ocupar uma cadeira nesta Casa Legislativa até 1955, a Mesa do Senado Federal declarou extinto seu mandato e de seu suplente. A medida contra Prestes feriu as garantias constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito", disse o senador.

Indenização

A aprovação do projeto não garante pagamento de indenização aos herdeiros de Prestes. No entanto, eles poderão ter direito ao plano de saúde dos parlamentares.

Relator da proposta, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) disse que não há ressarcimento à remuneração devida pelos anos em que Prestes deveria ter ocupado o seu mandato porque um decreto editado em 1932 determina que as dívidas passivas da União prescrevem em cinco anos contados da data ou do fato em que se originaram.

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Os herdeiros de Prestes, incluindo a sua viúva, também não terão direito a pensão vitalícia do Senado, segundo Valadares, porque o Instituto de Previdência dos Congressistas foi criado em 1963. "A aprovação do projeto não gerará efeitos financeiros aos sucessores do senador Luis Carlos Prestes. A ressalva se dá quanto à assistência à saúde", disse Valadares.

Em março, a Câmara dos Deputados também aprovou projeto que declara nula a cassação de 14 deputados do PCB feita em janeiro de 1948. A matéria já foi promulgada pela Casa.

Além de Prestes, entre os deputados cassados estavam personagens políticos como Marighella, Jorge Amado, Maurício Grabois e João Amazonas.