O cerimonial da Presidência da República se cercou de cuidados para evitar que o ato oficial do qual participou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Recife, ganhasse clima de campanha eleitoral. Os principais candidatos aliados do presidente ao governo de Pernambuco, como os ex-ministros Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT), não tiveram permissão para subir ao palanque do presidente.
Mas o clima de campanha não foi evitado por conta de cartazes entre os populares, com faixas como "Lula de novo", e por uma das beneficiárias do programa de habitação, a ex-favelada Erinalda Maria da Silva, que no palanque do presidente conclamou a população a votar em Lula ao usar o microfone oficial.
Em seu discurso, Lula prometeu mudanças na legislação para facilitar a regularização dos títulos de posse de imóveis urbanos ocupados irregularmente em todo o país, como as regiões de palafitas, alagados e favelas. Lula disse que a legislação é muito lenta para resolver a questão e que já recomendou ao ministro das Cidades, Márcio Fortes, e à secretária de Patrimônio da União, Alessandra Resck, estudos para abreviar a legislação que existe sobre isso.
Durante a cerimônia, Lula entregou as chaves de 224 apartamentos a famílias que foram removidas das palafitas da Vila Brasília Teimosa. A iniciativa faz parte do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH) e contou com investimentos do governo federal de R$ 2,6 milhões.
Os apartamentos estão localizados no bairro Cordeiro, onde outras 280 moradias estão sendo construídas para atender às demais famílias que foram removidas das palafitas. As antigas construções de madeira foram removidas e o governo federal investiu na reurbanização da orla, cujas obras somaram R$ 9 milhões. Segundo o Ministério das Cidades, enquanto as novas casas não ficam prontas, as famílias recebem mensalmente um auxílio moradia, no valor de R$ 151, para custear seus aluguéis.
O assentamento Brasília Teimosa surgiu em meados de 1957, quando tiveram início as ocupações da área, que seria destinada pelo governo do estado para a construção de depósitos de inflamáveis. O nome do assentamento é uma alusão às obras de construção de Brasília, associada à perseverança dos moradores em reconstruir suas casas após repetidas demolições.
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