| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Em delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse ter participado de “reuniões periódicas” no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, nas quais eram discutidos “recebimento e repasse de propinas” na BR Distribuidora. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), atualmente preso por tentativa de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, era um dos participantes dos encontros pois tinha “ascendência grande” sobre José de Lima Andrade Neto, presidente da subsidiária da Petrobras na ocasião.

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Neto ficou à frente da BR Distribuidora de 2009 até setembro do ano passado, quando, em meio ao avanço das investigações, renunciou ao cargo alegando motivos de saúde. Segundo Cerveró, participavam das reuniões, além dele e de Delcídio, o ex-ministro P edro Paulo Leoni e o então diretor da BR Distribuidora J osé Zonis. Leoni, conhecido como PP, era o “operador” do senador Fernando Collor (PTB-AL) na subsidiária da Petrobras, segundo Cerveró.

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As reuniões eram mensais ou bimestrais e aconteceram entre 2010 e 2013. De acordo com Cerveró, depois das eleições foi feita uma reunião de “acerto geral” no hotel Leme Palace no Rio. Participaram diretores da BR e Delcídio, Leoni, e o ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Na ocasião, ficou acertado pagamento de propina à bancada do PT na Câmara dos Deputados por volta de 2010, com repasses “especialmente” a cinco deputados federais na época, entre eles Jilmar Tatto, atual secretário de Transportes da prefeitura de São Paulo.

Também faziam parte do grupo que receberia o dinheiro quatro petistas já investigados na Lava Jato: Vaccarezza, José Mentor (SP), Vander Loubet (MS) e André Vargas (PR). Na mesma reunião, segundo Cerveró, ficou acertado que haveria arrecadação de propina também para Collor, Delcídio e para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O delator relata ainda um encontro ele, Leoni, Calheiros, Delcídio e José de Lima Andrade Neto, na qual o presidente da BR Distribuidora apontou quais negócios poderiam “render mais propina substancial”: compra de álcool, aluguel de caminhões para transporte de combustível e construção de bases de distribuição de combustíveis. O então presidente da BR, segundo Cerveró, “se disponibilizou a ajudar os políticos interessados”.

Em 2012, no entanto, Renan Calheiros teria feito reclamações a Cerveró sobre a falta de repasse de propina. O delator afirmou que não estava arrecadando propina na BR Distribuidora e Calheiros teria dito, então, que deixaria de prestar apoio político a ele.

Outro lado

Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), “nega as imputações e esclarece que já prestou as informações requeridas”. Ele nega ter participado das reuniões citadas por Cerveró. A assessoria do secretário Jilmar Tatto disse não ter tomado conhecimento do encontro citado por Cerveró e “não recebeu nenhum tipo de recurso da BR Distribuidora”.

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As defesas do senador Delcídio Amaral e de Pedro Paulo Leoni disseram que não irão se manifestar. José Zonis e José de Lima Andrade Neto não foram localizados. A reportagem não localizou a defesa do senador Fernando Collor, que tem negado irregularidades e recebimento de propina.

As assessorias dos deputados José Mentor e Vander Loubet não retornaram contatos da reportagem até a publicação desta matéria. O ex-deputado André Vargas tem reiterado, por meio de sua defesa, que não há até o momento relação concreta entre os fatos imputados a ele e as irregularidades apuradas na Lava Jato.