O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse em seu acordo de delação premiada que pagou US$ 6 milhões em propina ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA). O senador petista Delcídio do Amaral (MS), preso desde 25 de novembro, também teria sido destinatário de outros US$ 2 milhões.
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Leia a matéria completaOs pagamentos não viriam de uma única obra, mas de um emaranhado de propinas arrecadadas em vários contratos da diretoria internacional, de acordo com Cerveró. Entre os contratos da área internacional sob suspeita de corrupção estão a construção de navios-sonda e a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena (EUA).
Embora a área internacional fosse feudo político do PMDB, Cerveró disse que foi nomeado para o cargo graças ao peso político de Delcídio -de quem havia sido braço-direito na área de gás da estatal entre 1999 e 2001.
Outro delator da operação, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apresentou uma versão parecida com a de Cerveró. Segundo Baiano, Renan e Jader teriam recebido US$ 6 milhões de propinas em contrato de navio-sonda, enquanto Delcídio teria ficado com uma “comissão” de US$ 1,5 milhão referente à compra de Pasadena.
O ex-diretor concedeu depoimentos por quatro dias durante a semana passada, na superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Ele está preso desde janeiro.
Já Delcídio está preso sob suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato. O petista foi detido após ter sido gravado em uma conversa com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor, onde propôs um plano de fuga e o pagamento de mesada em troca do silêncio do ex-diretor.
O presidente do Senado nega a imputação feita pelo delator. Renan afirma que suas relações com empresas públicas e privadas nunca ultrapassaram os “limites institucionais”, segundo sua assessoria de imprensa. A Folha não conseguiu ouvir as defesas de Jader e de Delcídio.
Bate-boca
Nesta quarta (16), um dia depois de a Polícia Federal deflagrar uma nova fase da operação Lava Jato, desta vez com foco no PMDB, Renan bateu boca com o vice-presidente Michel Temer.
Publicamente, a discussão se deu em torno de uma decisão da Executiva Nacional do PMDB, presidida por Temer, de barrar filiações de deputados federais para conter uma articulação capitaneada pelo Palácio do Planalto. Na semana passada, Temer articulou a substituição de Leonardo Picciani, alinhado ao Planalto, (RJ) do cargo.
Renan criticou a intervenção de Temer e a decisão da Executiva. Ele chamou a medida de autoritária e disse ainda que Temer era responsável por parte da crise política por ter, à frente do PMDB, se preocupado “apenas com o RH”, em detrimento da macropolítica à frente. Também disse que o PMDB “não tem dono”.
A resposta de Temer veio algumas horas depois. Em nota, a direção da sigla afirmou que Renan estava correto ao dizer que o partido “não tem donos”, mas completou: “nem coronéis”. Entre peemedebistas e outros observadores, no entanto, a troca de farpas foi vista como uma consequência da irritação de Renan com os desdobramentos da Operação Lava Jato.
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