Reação
Ex-diretor está "indignado" com a prisão, diz advogado
A defesa do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró aguarda o julgamento de pedido de habeas corpus feito ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) na semana passada. Segundo o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, o ex-diretor está indignado com a prisão. "Os fundamentos são totalmente absurdos", diz.
Na semana que vem, Ribeiro vai a Porto Alegre para fazer a sustentação oral referente ao pedido de liberdade. "Acredito que o tribunal vai rever essa decisão [da prisão de Cerveró], porque não foi o Sérgio Moro [juiz responsável pela Lava Jato] que fez. Foi um juiz de plantão", disse Ribeiro.
Na última sexta-feira, o TRF4 negou em decisão liminar o pedido de habeas corpus da defesa de Cerveró. Agora, os desembargadores vão analisar o mérito da questão.
O Ministério Público Federal (MPF) alegou que a prisão deve ser mantida por causa do risco de fuga de Cerveró, já que o ex-diretor tem cidadania espanhola (além da brasileira) e não teria informado o fato aos investigadores.
"Isso é mentira", diz Ribeiro. "Se ele quisesse fugir, já estava em Londres. Era só pegar um carro e ir até a Espanha", alega o advogado. "O Nestor veio para o Brasil exclusivamente para enfrentar essa ação penal", garante o advogado.
O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró vai depor hoje na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde está preso desde a semana passada. De acordo com o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, o cliente deve responsabilizar o Conselho de Administração da Petrobras e a presidente Dilma Rousseff pela compra, em 2006, da refinaria de Pasadena (EUA) que causou um prejuízo de US$ 792 milhões à estatal.
Na época da aquisição da refinaria, a presidente do Conselho era a então ministra das Minas e Energia, Dilma. No ano passado, a presidente argumentou que só aprovou a compra porque se baseou em um relatório jurídica e tecnicamente falho apresentado ao Conselho por Cerveró.
A estratégia de defesa de Cerveró responsabilizar o Conselho da Petrobras é parecida com a do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli em processo que corre no Tribunal de Contas da União (TCU).
Único responsável
O argumento da defesa de Cerveró será que, pelo estatuto da Petrobras, o Conselho de Administração é o único responsável por qualquer aquisição. O advogado Edson Ribeiro diz que o estatuto da Petrobras exige do presidente do Conselho tomar conhecimento dos detalhes das negociações. "A diretoria [da qual Cerveró fazia parte] não tem o poder de decidir", diz Ribeiro. "O estatuto da Petrobras é muito claro."
"A presidente [Dilma] disse que aprovaram a compra da refinaria em cima de um resumo executivo tecnicamente falho. Se ela fez isso, significa dizer o seguinte: Nós, conselheiros, descumprimos o estatuto da Petrobras. É uma confissão de culpa", diz o advogado.
Isenção
O TCU aprovou em julho um relatório sobre as irregularidades na compra de Pasadena em que isenta de responsabilidade os membros do Conselho de Administração. "Jamais imaginei que o TCU pudesse responsabilizar a diretoria [da Petrobras] pela aquisição de Pasadena, porque o único responsável pela aquisição é o Conselho de Administração. Basta ler o estatuto social [da empresa]", diz o advogado Edson Ribeiro.
Prisão
Nestor Cerveró foi preso na semana passada ao desembarcar de Londres no Rio de Janeiro. O motivo da prisão foram movimentações financeiras suspeitas. De acordo com a força-tarefa da Operação Lava Jato, ele estaria tentando blindar e ocultar seu patrimônio para o caso de ter de ressarcir os cofres públicos por determinação judicial.
Uma das evidências seria a tentativa de retirar aproximadamente R$ 500 mil de um plano de previdência mesmo sendo alertado de que o saque antecipado resultaria na perda de R$ 100 mil. O advogado de Cerveró afirma que essa operação nunca foi realizada. Segundo Edson Ribeiro, após saber da possibilidade de perder parte do dinheiro, Cerveró teria desistido de fazer o resgate.
Outro motivo da prisão foi o fato de o ex-diretor repassar a propriedade de três imóveis para os filhos. A defesa alega que se trata de um adiantamento de herança, e não de uma tentativa de ocultar o patrimônio de Cerveró.
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad
Deixe sua opinião