A Controladoria Geral da União (CGU) abriu nesta quinta-feira (21) mais sete investigações contra ex-dirigentes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) afastados por suspeita de corrupção, desvio de dinheiro público e tráfico de influência. Um dos alvos é o ex-secretário executivo do órgão, José Henrique Sadok de Sá, afastado após reportagem publicada pela jornal O Estado de S. Paulo revelar que a empresa da mulher dele, Ana Paula Araújo, ganhou contratos no valor de pelo menos R$ 18,9 milhões para tocar obras rodoviárias em Roraima.
Outro processo aberto é uma sindicância patrimonial para apurar possível enriquecimento ilícito de Mauro Barbosa, ex-chefe de gabinete do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, que renunciou ao cargo em meio às denúncias. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 6 de julho revelou que o dirigente estava construindo uma mansão de 1.300 metros quadrados no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, avaliada em R$ 4 milhões. Barbosa é suspeito de ser um dos operadores do esquema de arrecadação de propina montado pelo PR na Pasta.
Uma terceira investigação é um processo administrativo disciplinar para apurar a responsabilidade do ex-coordenador-geral de Operações Rodoviárias do Dnit Luiz Cláudio Varejão na execução de serviços de pesagem de cargas sem cobertura contratual, pela empresa Engespro. Um dos últimos atingidos pela "faxina" determinada no setor pela presidente Dilma Rousseff, Varejão vai responder junto com Sadok a um outro processo disciplinar pelo reconhecimento da dívida de Consórcio Rodaviva, sem comprovação de execução dos serviços.
O reconhecimento de dívida é um dos modos mais usuais de desvio de dinheiro público. Caso comprovada a culpa, os três dirigentes podem ter o afastamento transformado em demissão a bem do serviço público, além de responder a ação de improbidade, para fins de ressarcimento de danos ao erário. Outro processo investigará irregularidades em diversas licitações com indícios de direcionamento para determinadas empresas, com suposto envolvimento do servidor Marcelino Augusto Santos Rosa.
Há ainda um processo aberto para apurar possível superfaturamento em obras rodoviárias com uso do chamado jogo de planilhas e suposto envolvimento do coordenador de Construções Rodoviárias do Dnit, Luiz Munhoz Prosel. As investigações deverão estar concluídas em 30 dias. Alguns desses processos, como o de Sadok e Barbosa, já estavam em curso no Ministério dos Transportes, mas foram todos avocados para a CGU. A lei recomenda que esse tipo de investigação não seja conduzida pelo próprio órgão onde ocorreram os fatos.