Marcelo Almeida: bens de R$ 740,5 milhões; Alvaro: R$ 2,9 milhões e suplente de R$ 236 milhões; Gomyde só tem R$ 10 mil; suplente, R$ 3,7 milhões| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo; Josué Teixeira/ Gazeta do Povo; Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Se os principais candidatos ao governo do Paraná – Roberto Requião (PMDB), Beto Richa (PSDB) e Gleisi Hoffmann (PT) – têm patrimônio superior a R$ 1 milhão cada um, concorrentes ao Senado dessas três chapas ou seus suplentes também possuem bens de valores expressivos. As chapas ao Senado encabeçadas por Marcelo Almeida (PMDB), Alvaro Dias (PSDB) e Ricardo Gomyde (PCdoB) têm pelo menos um integrante com patrimônio milionário.

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Integrante da família proprietária da empreiteira CR Almeida, Marcelo Almeida possui o maior patrimônio dentre os concorrentes ao Senado: R$ 740,5 milhões. O primeiro suplente dele, o ex-deputado estadual Antonio Anibelli, e o segundo, o empresário Herculano Lisboa, declararam, respectivamente, patrimônios de R$ 11,3 milhões e R$ 8 milhões.

O senador Alvaro Dias, que disputa a reeleição, na declaração de bens apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) informou ter patrimônio de R$ 2,9 milhões. O primeiro suplente na chapa dele, o empresário Joel Malucelli (PSD) declarou R$ 236 milhões.

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Também com bens na casa dos milhões, o petista Paulo Pratinha, segundo suplente na chapa de Ricardo Gomyde (PCdoB), declarou patrimônio de R$ 3,7 milhões. Já Gomyde declarou ao TRE ter bens de apenas R$ 10,6 mil.

Poder econômico

A cientista política da Universidade Federal de São Carlos Maria do Socorro Braga diz que o poder econômico muitas vezes é o que conta para a formação das chapas, especialmente na escolha dos suplentes dos candidatos ao Senado. "Em muitos casos, o suplente é visto como financiador, se não de toda, ao menos de parte da campanha do candidato principal", diz ela.

Maria do Socorro afirma que o poder econômico não é necessariamente determinante para eleger um candidato – há fatores como cargos ocupados anteriormente e apoios no estado. Mas o poder econômico desequilibra a disputa ao proporcionar grandes somas de dinheiro para investir na campanha.

A suplência do Senado também é usada pelos partidos para acomodar candidatos preteridos em outras vagas – o que também é prejudicial à democracia, diz o professor da PUCPR e cientista político Mário Sérgio Lepre.

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Ele ressalta ainda que o eleitor não vota no suplente, mas que ele pode assumir uma cadeira no Senado caso o titular seja nomeado para outros cargos. "Os suplentes são pessoas sem voto que podem, ao assumir, definir o ritmo do país", diz. "É um desrespeito ao voto do eleitor." Ele defende mudanças na Constituição para que, no caso de renúncia, cassação ou morte de um senador, assuma o segundo mais votado na eleição, mesmo que seja de outro partido ou coligação. "Isso acabaria com as negociatas."