O chefe do Instituto de Criminalística de Londrina (IC), Luciano Bucharles, foi ouvido na tarde desta terça-feira (9) pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Bucharles negou que tenha recebido ordens do diretor-geral do órgão no Paraná, Daniel Felipetto, para engavetar perícias, mas confirmou que uma das salas na unidade do IC na cidade ficava trancada e que ninguém tinha autorização para entrar.
“Ele mencionou que a sala ficava trancada, que não tinha autorização para entrar nela, que tinha vários documentos lá, mas que desconhecia o conteúdo deles”, afirmou o promotor do Gaeco Renato de Lima Castro.
Na semana passada, o Gaeco cumpriu mandado de busca e apreensão na repartição e encontrou 23 malotes de ofícios com pedidos de perícias, diversas armas a serem analisadas pelo instituto e até dinamite. Há indícios de que Felipetto engaveta as solicitações de perícias, prejudicando investigações.
“Alguns deles (dos documentos encontrados na sala lacrada) estavam em envelopes fechados e que aparentam que não foram periciados”, afirmou Castro. O promotor informou que Felipetto ainda não será ouvido, mas será interrogado assim que toda a análise de documentação apreendida for encerrada. O diretor do Instituto é investigado por eventual ato de improbidade administrativa.
Na noite desta segunda-feira, o Paraná TV 2º Edição, da RPC TV, mostrou uma gravação ambiental, feita por um interlocutor de Felipetto, onde ele faz afirmações consideradas muito preocupantes pelo Gaeco.
“Com a publicidade da matéria de ontem (segunda-feira) da RPC, a conversa, que ainda não foi negada pelo Felipetto, é bastante grave. Ela converge com a investigação que está sendo realizada em Londrina. Pode existir uma determinação do diretor de criminalística para que terceiros façam engavetamento de perícias. Isso certamente beneficia investigados e atrapalha instrução dos processos criminais”, afirmou o promotor.
No áudio gravado no primeiro semestre deste ano, Felipetto pede para um de seus funcionários encaixotar as perícias e colocá-las ao fundo de um depósito. Na gravação, ele explicita a Operação Quadro Negro e fala ainda de uma outra investigação, cujo nome diz não lembrar.
“(?) Está lá, Quadro Negro. Sabe o que é isso, hein? Quadro Negro, está com a gente lá. Tem uma outra agora que eu esqueci o nome, tem uma outra operação (?) Esqueci o nome agora, me fugiu o nome. Está lá com a gente. Daqui a pouco, vamos acabar com as perícias, porque como eu não sou bobo nem nada, eu chamo o menino lá e falo: ‘Você enfia esse negócio numa caixa e põe lá no fundo do depósito’”, afirmou na gravação.
Nota da Secretaria da Segurança
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) – pasta a que o IC está vinculado – disse que o material apreendido “não tem absolutamente nada a ver com a investigação da Operação Quadro Negro” e que o diretor-geral do órgão “não realizou nenhuma perícia” da operação.
Felipetto se manifestou por meio da nota da Sesp, em que afirma que não tem ciência da ação do Gaeco e que está “à disposição dos promotores para esclarecer eventuais dúvidas”. Ele diz que as perícias envolvendo a Quadro Negro estão sendo concluídas e que o trabalho “só não é mais célere por conta da falta de pessoal – situação que será revertida com a contratação de novos servidores mediante concurso público”.
Ainda em relação a Quadro Negro, a Sesp afirma que 60% das perícias já foram realizadas e encaminhadas à Polícia Civil e ao Ministério Público e que o índice de entrega chegará a 75% até o fim desta semana. As perícias dizem respeito à medição de obras em escolas.
A reportagem tentou localizar o advogado de Bucharles, sem sucesso até o momento.
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