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Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse, em depoimento na CPI dos Bingos, não acreditar na denúncia feita pelo advogado Rogério Buratti de que o ministro tenha recebido propina de R$ 50 mil por mês quando era prefeito de Ribeirão Preto, num esquema de corrupção para favorecer o PT.

- Nunca ouvi falar nessa história. Dos 13 anos que trabalho com Palocci, conhecendo sua conduta pessoal e profissional, não acredito que tenha acontecido - afirmou.

Em relação à suspeita de ter sido utilizado recursos de caixa dois na campanha de Palocci à Prefeitura de Ribeirão Preto, em 2000, Dourado saiu novamente em defesa do ministro.

- Nunca tive conhecimento. Palocci sempre foi cuidadoso e rigoroso com a dinâmica financeira de suas campanhas. Um reflexo da sua vida pessoal. Acredito que não tenha acontecido - afirmou.

Dourado negou ainda que tenha ocorrido encontro de Palocci com Buratti no gabinete do ministro.

- Desde 2003 (quando Palocci assumiu a pasta), não houve nenhum encontro com Palocci e Buratti no gabinete. Eu que cuidava da sua agenda. Não houve - contou.

Sobre possíveis encontros dos dois fora do gabinete, Dourado não soube informar:

- O que eu posso afirmar é que sou responsável por cuidar da agenda de trabalho do ministro. Não cuido da sua atividade social. Não saberia responder com precisão.

Dourado também negou que o ministro tenha discutido qualquer assunto sobre a empresa Gtech em seu gabinete.

- O assunto Gtech jamais foi discutido no gabinete do ministro da Fazenda, nem na época da renovação do contrato com a Caixa - afirmou.

No depoimento, Juscelino Dourado afirmou que "nunca foi dado espaço nessa gestão ao tráfico de influência". Dourado disse ainda que seu relacionamento com o advogado Rogério Buratti é de mais de 15 anos, desde a primeira administração de Palocci na prefeito de Ribeirão Preto - o advogado era secretário de governo. Segundo Dourado, Buratti foi padrinho de seu casamento em 1994 e as duas famílias ainda convivem socialmente.

O chefe de gabinete ressaltou, no entanto, que os dois jamais conversaram sobre questões de trabalho. E se disse surpreso ao tomar conhecimento das atividades financeiras de Buratti denunciadas no caso Valdomiro Diniz, em fevereiro de 2004.

- Perguntei para ele que história era aquela e ele disse de maneira genérica que a empresa Gtech o havia procurado para ser consultor, mas não havia dado certo - afirmou.

Buratti afirma que foi procurado pela Gtech para pedir a Palocci que facilitasse a renovação do contrato da empresa com a Caixa Econômica Federal. A empresa, disse Buratti na CPI dos Bingos semana passada, lhe ofereceu uma comissão de até R$15 milhões. Buratti, por sua vez, é acusado de tentar extorquir R$ 6 milhões da empresa para garantir a renovação com a Caixa.

Dourado, que chegou a ser sócio de Buratti em uma empresa de assessoria para prefeituras petistas da região de Ribeirão Preto, negou que ainda mantenha relações comerciais com ele, mas falou sobre seu relacionamento pessoal com o advogado.

- Depois que vendemos a franquia em que fomos sócios, nunca mais tive relações comerciais com ele. Eu o tenho como amigo. Depois do ocorrido em Ribeirão Preto (quando Buratti foi preso), não tive mais oportunidade de encontrar com ele - contou, negando que tenha se encontrado com Buratti depois do depoimento do advogado no Ministério Público Federal.

Indagado sobre os telefonemas feitos a Buratti - de janeiro até hoje - Dourado explicou:

- Nos encontrávamos nos fins de semana. Conheço o Buratti desde 1990. Ele é meu padrinho de casamento. Conheço toda a sua família, pais, irmãos... Temos uma relação familiar consolidada, que justificava nossos encontros - explicou.

Dourado ofereceu à comissão a quebra de seus sigilos bancário e fiscal. Ao começar a sessão, fez uma longa explicação sobre a aquisição de bens pessoais e disse que seu patrimônio está de acordo com os seus rendimentos.

A CPI dos Bingos - instalada em 29 de junho desse ano - investiga as casas de bingo no país e a relação delas com a lavagem de dinheiro e o crime organizado.

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