Os auditores fiscais que são considerados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) como os “cabeças” da organização criminosa acusada de cobrar propina para favorecer a sonegação de impostos, também ocupavam cargos de chefia na Delegacia da Receita Estadual de Londrina.
São os casos de Márcio de Albuquerque Lima, sua esposa, Ana Paula Lima e Luiz Antônio de Souza. De acordo com o esquema, os empresários que aderissem teriam dívidas milionárias “apagadas” ou pagariam multas com valores bem inferiores ao devido. Para o Gaeco, “vender” essas benesses só seria possível com o apoio de ocupantes de cargos de chefia.
Lima, foragido desde que teve a prisão preventiva decretada, em 20 de março, é considerado o líder do grupo e foi o que conseguiu ir mais longe na estrutura da Receita Estadual: no segundo semestre do ano passado foi alçado a inspetor geral de fiscalização, cargo que deixou três dias antes de o Gaeco cumprir um mandado de busca e apreensão, em seu gabinete, em 5 de março. Lima é apontado como responsável por organizar o grupo e “acobertar” as supostas irregularidades.
Ana Paula Lima é assessora de resultados da Delegacia da Receita e ajudaria o marido na organização. Ela é a única dos três “cabeças” que não teve a prisão decretada. Já Souza era inspetor regional de fiscalização. Era ele quem direcionava quais auditores fiscalizariam as grandes empresas.
Segundo a investigação, os outros 12 auditores fiscais sob suspeita de envolvimento com as supostas irregularidades iam para a “linha de frente”, fazer as fiscalizações e “criar condições favoráveis” para que os empresários aceitassem pagar propina. Diante da possibilidade da aplicação de uma multa milionária, a saída sugerida pelos auditores era fazer um acordo com alguém “acima” na hierarquia da Receita. Lima seria um dos superiores apontados pelos auditores. O valor da propina ficaria bem abaixo do que seria a multa aplicada.
Outro lado
Douglas Maranhão, advogado de Márcio de Albuquerque Lima, disse que ainda não teve acesso à denúncia apresentada pelo Ministério Público e que só poderia se manifestar depois de conhecer o conteúdo. Ele afirmou que não é advogado de Ana Paula e que não sabia se ela tinha sido denunciada pelo MP. Segundo o advogado, ela está em férias.
Souza tem dois advogados, Walter Bittar, na esfera cível, e outro para a esfera criminal, Alisson Silvério, que o atende nos casos em que ele é acusado de crimes sexuais. Nenhum dos dois até o momento teria sido indicado para defender Souza na ação penal que trata da Receita Estadual.
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