Curitiba A permanência do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), no cargo tornou-se insustentável, segundo líderes dos partidos da oposição e da base de apoio ao governo. O xeque-mate foi a cópia de um cheque de R$ 7,5 mil, nominal a Gabriela Kênia da Silva Santos Martins, uma das secretárias de Severino, apresentada ontem à Polícia Federal pelo empresário Sebastião Buani como prova da propina paga ao atual presidente da Câmara em 2002 e 2003. Em troca do pagamento, o empresário teria obtido a prorrogação da licença para explorar o restaurante da Casa, além de um reajuste nos preços cobrados das refeições.
Assinatura no verso do cheque mostra que o dinheiro foi sacado pela própria secretária em 30 julho de 2002. Gabriela, que havia negado ter recebido cheque de Buani, voltou atrás ontem, em novo depoimento à PF, e confirmou ter descontado o cheque na boca do caixa. Segundo a secretária, o saque teria sido feito a pedido de Severino Júnior, filho do parlamentar, que morreu em um acidente no mês seguinte. O dinheiro seria destinado a sua campanha para deputado estadual naquele ano, ou seja, seria uma doação do empresário.
Diante da revelação, deputados do governo e da oposição iniciaram negociação para encontrar o substituto de Severino. O presidente da Câmara, que passou o dia em sua casa e não deu entrevistas, tem até sábado para renunciar ao mandato e escapar da cassação. Até às 21 horas de ontem Severino não havia anunciado decisão de deixar a presidência da casa nem de renunciar.
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