Ao chegar ao Congresso para a primeira reunião de líderes dos partidos de sua gestão, o novo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), descartou a possibilidade de crise institucional entre os poderes por causa das farpas trocadas entre parlamentares e o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), em torno dos salários das duas categorias. Chinaglia minimizou a declaração de Marco Aurélio , que disse que o salário dos parlamentares é três vezes maior do que o dos magistrados devido às vantagens dadas pelo Legislativo. Marco Aurélio chegou a dizer que trocaria seu salário pelo dos parlamentares.

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- Ouvi o comentário dele. Os salários dos ministros, deputados e senadores são públicos. Não vou responder a quem quer que seja. Estou aqui para agir. Cada deputado pode convidar o ministro a vir aqui na Câmara fazer o desejo do ministro, que teria feito o desafio, mas não é para mim - disse o petista.

Chinaglia disse que quer ter uma boa relação com o Supremo e destacou que a opinião de Marco Aurélio não representa a de todo os ministros do tribunal.

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- Quero me relacionar com o Supremo da melhor maneira. Portanto, com diálogo sereno e permanente. Não vejo crise entre os poderes. É a opinião de um ministro, que vamos respeitar, como respeitamos a opinião de qualquer ministro. Posso discordar de tons e formas, mas isso é irrelevante. Não tem por que ter crise - disse o petista.

A proposta de Marco Aurélio, de trocar o salário com o dos parlamentares, aconteceu em resposta ao projeto de congelar os salários dos ministros do STF até que se chegue a um consenso sobre o limite do salário do funcionalismo público federal. A hipótese, que segundo Mello causaria um "faroeste" entre o Legislativo e o Judiciário, foi levantada durante a campanha da Câmara e repetida pelo petista, presidente eleito da Casa.

Na véspera, Chinaglia disse que reajuste do Legislativo não é prioritário na pauta da Casa.

- Vou propor que os líderes se reúnam com suas bancadas, vou ouvir as opiniões e levar a plenário, mas não é prioridade - afirmou o petista.