Apesar de afirmar que o aumento do salário dos parlamentares deve ser pela reposição da inflação, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), não descartou, nesta sexta-feira (2), em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da TV Globo, a equiparação dos vencimentos dos deputados e dos senadores aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Não está encerrado (equiparação). O teto foi uma conquista da Constituição de 1988, porque é o teto que impede aposentadorias e salários do serviço público de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil", afirmou o petista, que criticou o fato de os ministros do STF ganharem muito mais que o presidente da República.
"Os Poderes têm independência e harmonia, mas não acho correto um ministro do Supremo ganhar praticamente três vezes o que ganha o presidente da República. Agora, vamos levar a discussão para os outros Poderes para saber qual é o teto. Há uma opinião no Congresso, da qual eu partilho, que o teto deva ser o salário do deputado e do senador", afirmou Chinaglia.
Apesar de sinalizar para uma possível equiparação dos salários do Judiciário, Executivo e Legislativo, o presidente da Câmara negou que defenda o reajuste de 92% no salário dos parlamentares, aumento que havia sido decido em dezembro do ano passado, mas foi cancelado pelo STF, que considerou inconstitucional a forma como a medida foi tomada.
"Não é verdade que eu defendi o aumento de 92% durante a campanha. O que aconteceu é que o presidente Aldo e o presidente Renan deixaram para levar esta proposta aos líderes no meio da disputa eleitoral. Eu fui o penúltimo líder a opinar. E ali, todos, exceto o PT e o PSOL, falaram a favor", contou Chinaglia.
Sobre suas afirmações de ontem de que não aceitaria críticas, o petista disse que foi mal interpretado. "Não existe como não aceitar crítica. O que eu disse é que não podemos agir passivamente quando há uma crítica injusta. Exemplo: durante este episódio dos sanguessugas, vários parlamentares foram denunciados sem provas. Mas, depois, se confirmou que não tinham nenhuma responsabilidade."
Sobre a máfia dos sanguessugas, Chinaglia reafirmou que é uma página virada na Casa. "Na verdade, quando houve a identificação do problema, está em curso o Ministério Público, Polícia, Judiciário e inclusive um processo na Câmara. Eu creio que o Poder (Câmara) é maior do que as pessoas", disse. "E toda vez que alguém conspira contra o parlamento, está conspirando contra a democracia. Essa é a minha tese, foi isso o que defendi e vou continuar defendendo."
Apoios
Chinaglia também afirmou que não se sente constrangido com os possíveis votos que recebeu de parlamentares envolvidos no esquema do "mensalão". "Juscelino (Juscelino Kubitschek, ex-presidente da República), quando foi questionado se não se incomodava com o apoio dos comunistas, respondeu: eu escolho em quem eu voto, ou seja, os deputados escolhem em quem votar", destacou.
"Nesta lógica, se você ficar recuperando o tempo todo que na legislatura passada alguém estava envolvido com qualquer problema, das duas uma: ou que eles não poderiam ser candidatos e foram, então o erro estaria no Judiciário; ou depois de eleitos, quem tem autoridade para contestar a legitimidade do voto?"
Eleição na Câmara
Chinaglia foi eleito no segundo turno. A votação foi encerrada às 20h43, e 510 dos 513 parlamentares votaram na disputa entre ele e Aldo Rebelo (PC do B-SP). Chinaglia foi eleito ao receber 261 votos contra 243 de Aldo. Também aconteceram seis votos brancos.
No primeiro escrutínio, 512 dos 513 parlamentares participaram da votação. Chinaglia liderou a apuração com 236 votos (para vencer em primeiro turno, eram necessários 257) contra 175 de Aldo. Gustavo Fruet (PSDB-PR) somou 98. Ainda foram registrados três votos brancos.
O apoio das duas maiores bancadas da Câmara (PMDB e PT) à candidatura de Chinaglia pesou na vitória do petista. Ele também recebeu apoio das bancadas do PR, PTB e PP. Os cinco partidos, juntos, totalizam 272 deputados federais. Bancadas
Considerando os 15 deputados que trocaram de legenda depois das eleições, o PMDB conta com a maior bancada da Câmara, com 91 cadeiras, seguido pelo PT (83), PSDB (64), PFL (62) e PP (41) e PR (34). O PC do B de Aldo conta com 13 deputados.
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