Desde o início da última semana, as chuvas já deixaram 46 mortos no Sudeste. Só no Rio de Janeiro foram 25 vítimas fatais . Em Minas Gerais, os temporais levaram 61 municípios a decretar situação de emergência e e m São Paulo, três pessoas morreram.
A Secretaria Nacional da Defesa Civil anunciou nesta sexta-feira que dispõe de R$ 57 milhões para atendimento aos atingidos pelas chuvas, e a previsão é de que nenhum município fique sem receber os recursos para socorro às vítimas, com distribuição de colchões, alimentos e remédios. Os recursos, segundo o secretário Jorge Pimentel, são parte da verba de R$ 120 milhões liberada em dezembro.
Em Minas Gerais, nos primeiros cinco dias de janeiro, choveu cerca de 20% da previsão para todo o mês. Em Cordislândia, uma fábrica perdeu seis mil litros de leite. O rio Sapucaí subiu quatro metros e transbordou. Desde outubro do ano passado, início do período chuvoso, em outubro, 18 pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas, vítimas de acidentes causados pelas chuvas.
O governador de Minas, Aécio Neves, defende a criação de uma Coordenadoria Regional de Defesa Civil. A coordenadoria atuaria na prevenção de catástrofes ambientais que possam afetar mais de um estado da região e deverá estabelecer ainda planejamentos preventivos conjuntos, de forma a antecipar desastres e prejuízos humanos e materiais.
No Rio, 25 pessoas morreram, desde terça-feira, em consequência das fortes chuvas que atingem o estado . Há 1.575 desabrigados além de 8.349 desalojados em todo o estado do Rio, segundo a Defesa Civil. A área mais atingida é a Região Serrana. Cento e trinta técnicos da Defesa Civil Estadual do Rio e 500 bombeiros trabalham no estado no auxílio às vítimas das chuvas.
Em São Paulo, a Defesa Civil está em estado de alerta por causa da previsão de novos temporais neste final de semana. Um levantamento feito pelo órgão mostrou que cerca de 57,5 mil pessoas vivem nas 223 áreas de risco no município. Três pessoas já morreram no estado. A zona norte é a mais atingida até agora. Nos últimos dias, choveu 45 milímetros na região. Em todas as outras regiões de São Paulo, a média de chuva está em 33 milímetros.
Sudeste terá mais chuva forte no fim de semana, alerta meteorologista
As chuvas na região Sudeste devem continuar neste fim de semana e durante boa parte do mês de janeiro, segundo o meteorologista Marcos Barbosa Sanches, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As chuvas mais críticas, neste sábado e no domingo, segundo Sanches, vão ocorrer em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
- Já no início da próxima semana, devem se movimentar mais para a região do Espírito Santo e norte de Minas Gerais.
Segundo o Inpes, os temporais no Sudeste têm sido provocados por um fenômeno chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul. É uma faixa de nuvens carregadas que se estende desde a Amazônia e que encontrou áreas de instabilidade e muito calor sobre os estados do Rio, São Paulo e Minas.
- Essa instabilidade se comporta como uma frente fria parada, estacionada, que deixa o tempo continuamente nublado e com chuvas ao longo do dia - explicou Marcelo Seluchi, também do Inpe.
Mais informações sobre o tempo no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Seca castiga o Nordeste
Enquanto a chuva castiga o Sudeste, seis estados nordestinos enfrentam a seca. No Piauí, 76 municípios já decretaram situação de emergência. Segundo a Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Estado, a seca na região do Semi-árido pode comprometer 90% da safra.
No sertão do Ceará, 55 cidades dependem dos carros-pipa, mas eles estão parados desde o início do ano .
- Acho que as últimas reservas durarão, no máximo, até esta semana. Sete mil e quinhentas pessoas sendo abastecidas única e exclusivamente por carros-pipa, então a gente se encontra num momento que a tensão social tende a crescer no município por conta dessa falta d´água - diz o representante da Defesa Civil Fernando Pontes.