Parlamentares da base do governo que não votam de acordo com a orientação do Planalto devem “largar o osso” e ir para a oposição, disse o ministro da Educação, Cid Gomes, no plenário da Câmara dos Deputados.
Fala de Cid irrita parlamentares e líder do PMDB pede que ministro deixe cargo
O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), pediu nesta quarta-feira, 18, que o ministro da Educação, Cid Gomes, deixe o cargo. O pedido de Picciani foi feito logo depois de Cid Gomes dizer em plenário e, apontando para o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que prefere ser chamado de mal-educado do que de achacador. “Ou fica a base ou fica o ministro, não tem outra alternativa”, concordou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
Em seu discurso, Cid disse que deputados que fazem parte do governo deveriam ter posição de coerência ou que “então larguem o osso, saiam do governo”. “Aqui não temos base cega, temos base de apoio convicta”, rebateu Picciani.
Antes de apontar a Cunha, Cid chegou a pedir desculpas e disse que não tinha a intenção de agredir ninguém, “muito menos a instituição”, mas disse sentir muito se alguém se enxergava nessa condição e “vestisse a carapuça”.
Parlamentares passaram a discursar contra o ministro. “Vossa excelência apontou o dedo para o presidente Eduardo Cunha e o ofendeu. Nós não aceitamos a opinião de Vossa Excelência”, afirmou o líder do Solidariedade, Arthur Maia (SD-BA).
Ele participa de comissão geral na Câmara, em sessão convocada para o ministro explicar declaração feita por ele de que haveria no Congresso “300 ou 400 achacadores” que se aproveitam da fragilidade do governo.
A comissão geral transformou-se em um grande bate-boca. No final de seu discurso, o ministro disse, apontando para o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que preferia ser chamado de mal-educado a achacador.
Gomes inicialmente chegou a tentar contemporizar, dizendo que sempre teve “profundo respeito pelo Legislativo”. A consideração, porém, não quer dizer que “concorde com a postura de alguns, de vários, de muitos, que mesmo estando no governo, os seus partidos participando do governo, têm uma postura de oportunismo”.
O ministro argumentou que a declaração de que haveria no Congresso “300 ou 400 achacadores” que se aproveitam da fragilidade do governo não foi sua “opinião pública”, mas uma fala “pessoal” a um grupo de estudantes de três universidades paraenses dentro da sala do reitor da Universidade Federal do Pará, depois de ser questionado sobre a falta de recursos para a pasta.
“Se alguém teve acesso a uma gravação não autorizada que não reflete a minha opinião pública que me perdoe. Eu não tenho mais idade. Eu não tenho direito de negar a tantos quanto nesses 20 anos de vida pública. Eu não tenho como negar aquilo que pessoalmente, de maneira reservada, falei no gabinete do reitor”, disse. O ministro argumentou que o comentário não foi feito em local público e “não é motivo de proselitismo”.
Cid Gomes lembrou que, durante sua trajetória como prefeito e governador sempre teve uma relação pessoal com o parlamento é “respeitosa, construtiva, de quem compreende o papel do legislativo” na gestão e no controle do Estado e do País.
A declaração que gerou polêmica foi: “Tem lá no Congresso uns 400 deputados, 300 deputados que, quanto pior, melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”.
Ao falar que “partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo”, afirmou. De acordo com Gomes, se for ver a quantidade de deputados e deputadas que compõem as bancadas partidárias e que participam com ministérios no governo vai “se identificar facilmente que, teoricamente, o governo teria uma grande maioria nesta Casa. É só somar”.
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