As rodovias estaduais e federais de acesso a Cáceres (MT), Guajará-Mirim (RO) e Brasiléia (AC) são corredores para diferentes cidades da Bolívia, onde crianças e adolescentes vivem em estado de miséria nas boates de San Matias, Guayaramerín e Cobija.
Em San Matias, vilarejo de 5 mil habitantes a 95 quilômetros de Cáceres, agenciadores cercam os visitantes ainda nas ruas poeirentas para oferecer "menininhas". O lugar indicado para os programas sexuais se chama La Curricha, uma piscina formada pelo represamento de um córrego que separa o Brasil da Bolívia. Mas este não é o único negócio obscuro por ali.
A economia local deixa de ser uma incógnita na voz do dono de um hotel. "A cidade é movida a gado e pó de coca", diz o hoteleiro que, minutos depois, faria à reportagem da Gazeta do Povo uma proposta de R$ 50 mil por um caminhão segurado. O pagamento do golpe, garante ele, pode ser em dinheiro ou droga.
A situação não difere em outras duas cidades da fronteira com a Bolívia, o segundo maior produtor de cocaína do mundo. A rota do tráfico de drogas é a mesma da exploração sexual. Embora os dois crimes estejam interligados, nem sempre o segundo tem para a polícia a mesma importância do primeiro. Um raro exemplo, fruto do acaso, aconteceu no já remoto ano de 2003, quando uma adolescente de 16 anos foi apreendida na BR-317 com 2,5 quilos de pasta base de cocaína. Seguia num ônibus intermunicipal de Brasiléia para Rio Branco quando foi parada em Xapuri, no meio do caminho. Foi aliciada por um traficante numa boate de Cobija, onde era submetida à prostituição.
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